Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 24 de fevereiro de 2013

CAUSOS LÁ DE NÓS - Por Mundim do Vale.

MARIDO  TOLERANTE.
João Pirão era um moço que residia na Praça Santo Antônio, em Várzea Alegre- Ceará. Era um cidadão que não contava com boa aparência, em virtude de ter um olho olhando para o Iguatu e o outro para o Crato. Afora isso era muito trabalhador. Trabalhava no ofício de abater animais. O Marchante casou-se com uma moça do sítio e viva muito bem, até que um dia Luís Bastos o contratou para abater e tratar um porco na sua residência no sítio Varas. João pegou a sua bicicleta e falou para a esposa:
-  Muié. Eu vou lá nas Vara matar um poico de Seu Luís Bastos.
Quando João chegou no Buenos Aires, notou que tinha esquecido a sua ferramenta. Voltou imediatamente e chegando em casa viu a sua fiel esposa agarrada com um funcionário  do Batalhão de Engenharia e Construção do terceiro BEC, que estava sediado em V. Alegre para construir a rodovia 0,60.
Surpresa para os três; O moço do batalhão fugiu pela janela, a mulher ficou vestindo a roupa e João ficou sem fala.
Quando a voz retornou, João falou:
- Mais muié. Cuma é qui você foi fazer uma coisa dessa cum eu? Eu vivo trabaiando prumode butar as coisa dento de casa, quando acabar você bota chife im neu.
A mulher como não tinha nenhum contra-argumento falou aborrecida:
- Apois eu acho é pouco. Pruque tu além de ser fei, num dá de conta do recado. Inté pra ser corno tu num serve.
João saiu triste caminhando de cabeça baixa, quando avistou Acelino Lenadro sentado na calçada de casa e foi até lá pare pedir um conselho:
- Seu Acilino, eu vim aqui prumode pidir um conselho o sinhor mais eu num sei cuma cumeçar.
- Pode dizer, João.
-O siguinte é esse: Eu fui matar um poico de Luís Basto lá nas Vara, mais quando cheguei no Bonizaro eu ví qui num tava cum meus ferro. Aí eu vortei pra tráis, quando eu entrei dento de casa, minha muié tava cum um caba do bataião. O condendado pulo a ginela e ela ficou butando o vistido na frente aí eu dixe: Máis muié isso é lá sirviço qui  você faça cum um omi qui nem eu, qui tudo qui arruma é pra butar dento de casa. Quando eu dixe isso,  a infiliz fez foi me discompor, me chamou inté de corno. Minha vontade na hora foi de matar a condenada.
O conselheiro Acelino interrompeu dizendo:
- Não faça isso João. Até que pela sua profissão, você você não ia ter dificuldade nenhuma. Mas não faça isso, porque você acaba com a vida dela e a sua.
- O qui é qui eu faço cum ela?
- Bote pra fora de casa.
- E sela vortar?
- Não aceite.
- Máis sela bater o pé e ficar?
- Aí meu amigo, quem tem que sair é você e pra muito distante.
- Máis Seu Acilino, eu num quiria ir simbora da minha casinha não.
- Nesse caso você vai ter que aprender a conviver com o chifre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário