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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 4 de abril de 2013

CAUSOS LÁ DE NÓS - Por Mundim do Vale.

BOIADA  DE  CURURU.

Chico Danga quando tirava para beber, passava semanas num porre só. Numa dessas vezes ele passava embriagado próximo da lagoa de Luís Diniz, quando escutou o barulho de crianças na margem da lagoa e foi por curiosidade saber o que estava acontecendo.
As crianças eram dois filhos do pedreiro Belim e mais dois amigos que faziam uma brincadeira no mínimo extravagante. Eles arranjaram umas sextas velhas e fizeram um mini-curral nas proximidades da lagoa.
A brincadeira consistia em conduzir os sapos da lagoa para o curral como se fossem gado. Um dos meninos aboiava e tratava o gado pelos nomes. O touro era; Lindomar Castilho, as vacas eram; Wanderléia, Rosimayre e Núbia Lafayete. As novias eram; Silvinha e Lilian e os garrotes eram; Nilton, Airton e Kléber.
Chico Danga aproximou-se e chamou à atenção do filho de Belim:
- Meu fí. Acabe cum essa brincadeira qui isso aí num tem futuro não.
- Eu sei que não tem. Se tivesse futuro, quem tava aqui com esse gado era Seu Toim Costa e Seu André Meneses.
- Apois é milhor você parar qui cururu é bicho nojento.
- Nojento é tu, Chico. Depois que tu chegou com essa conversa besta, os garrotes escaparam por baixo da cerca.
- Apois eu vou precurar Belim e dizer a ele.
- Não precisa você procurar não. Eu vou dizer onde é que ele tá trabalhando. Ele tá fazendo um serviço lá na casa de Seu Pedro Lourenço. A casa dele é de lado da igreja. Mas arribe logo daqui antes que nós esfregue o resto do gado na sua cara.
Chico saiu bufando de raiva e foi falar com os pais dos garotos. Na chegada ele avistou Belim trabalhando no telhado e foi logo gritando:
- Ei. Belim ! Deça daí de riba qui eu priciso falar cum você.
- Mas Chico, eu tou muito ocupado, não posso descer agora não.
- Mais a istora qui eu quero falar com você é sera.
- Pois diga daí que eu escuto daqui.
- E pruque eu passei ali na bêra da lagoa de Luís Diniz e ví teus minino brincando cum cururu.
- E o que é que tem Chico?
É pruque cururu é venenoso.
- Que conversa mais besta é essa Chico. Eu nunca ví falar que sapo envenenasse ninguém.
- Apois isturdia eu tava bebo lá na Betânia, aí apareceu um cururu, aí eu peguei no mei do bicho e dei uma murdida na boca dele, aí meus dente caiu tudim. Foi priciso mãe vender as galinha dela pra pudê pagar a Seu Diassis Militão, prumode ele fazer uma chapa pra eu.

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