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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 22 de junho de 2013

Sem lírios no campo - Por Sandro Vaia

Não confunda vândalos com indignados.

Eles podem até andar juntos mas não são unidos pelos mesmos ideais. Uns querem quebrar caixas eletrônicos, depredar ônibus e levar umas roupas ou umas tvs de plasma das lojas Marisa.

Outros querem paz e amor, ônibus mais baratos, estádios menos faraônicos , políticos menos corruptos e, por via das dúvidas, um mundo melhor - o que inclui educação, saúde e presumivelmente mais vergonha na cara.

Essa espécie de “primavera” sem bússola tem a pauta mais longa de todas as primaveras que vimos pela TV.

Os líbios queriam botar Kadafi pra fora, os sírios transformaram a oposição a Assad numa guerra civil, os egípcios queriam mais liberdade, os turcos menos autoritarismo, os gregos menos austeridade e os europeus mais empregos.

Os brasileiros começaram indignados com um aumento de 20 centavos no preço das passagens de transporte coletivo urbano e em dez dias foram daí para o infinito.

Os 20 centavos foram o estopim e não se pode dizer que o Movimento Passe Livre seja um anjo de candura e de inocência apolítica. Ele tem uma pauta claramente política que vai da catraca livre a uma proposta contra “latifúndios urbanos”que não tem pé nem cabeça.


A massa genericamente indignada com tudo, desde o superfaturamento dos estádios da Copa aos calamitosos serviços de saúde pública, se juntou ao movimento, de tal forma a acuar os governos e provocar um recuo no aumento das tarifas de transporte urbano.

Quinta-feira foi o dia de sair à rua para comemorar a vitória” do movimento e os partidos políticos e as “organizações sindicais que quiseram tirar uma casquinha desfraldando as suas bandeiras nas manifestações, foram escorraçados, demonstrando claramente que os elos entre a população e os meios convencionais de representação política estão irremediavelmente danificados.

A mídia, principalmente a eletrônica, festejou essa “linda manifestação democrática” como se fosse um baile junino, sem se dar conta da profundidade e da gravidade do verdadeiro significado da presença das marés humanas na rua.

Não foi apenas uma “semana de saco cheio”, como aquelas que os estudantes fazem nas faculdades, mas uma prova objetiva de que as instituições convencionais de representação política estão feridas de morte e não são mais capazes de mediar com eficácia as relações entre a sociedade e quem pretende representá-la.

A democracia brasileira refundada pela Constituição de 1986 foi maltratada pelos governos, pelos partidos e pelos políticos e seria demais esperar que fosse afagada e respeitada apenas pela população.

Seria ingênuo esperar que do pântano do rebaixamento ético-institucional a que o País vem sendo submetido nos últimos anos brotassem lírios do campo.

Um comentário:

  1. Arrogante e pernóstica, a presidente quis associar a epopeia daqueles navegadores audazes com a medíocre obra de seu desgoverno, como se os seus críticos não passassem de uma paródia grosseira de ressentidos imitadores do velho do Restelo.

    O castigo, no entanto, veio a cavalo. Na primeira semana da Copa das Federações, a voz rouca das ruas fez dona Dilma engolir suas palavras.

    Frente às vaias e protestos populares, a madame revelou na inteireza sua real estatura, muito distante da aparência construída pelas falsidades e engôdos vendidos pela propaganda oficial.

    Retirados as sedas e os arminhos virtuais de super-executiva que lhe enfeitavam o corpanzil, restou a indumentária que, de fato, constitui sua personalidade: a de gerente que não conseguiu administrar uma lojinha de bugigangas de R$1,99 ─ levada à falência pouco tempo após a inauguração em Porto Alegre ─ mas que tem a pretensão de governar um país.

    Antonio Vieira.

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