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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 5 de agosto de 2013

DO TEMPO DO BUMBA - Por Mundim do Vale.

POUCO  ENTERRO. QUE  VAI  TER  AMANHÃ!

No ano de 1967, foi marcado um jogo da seleção de Várzea Alegre-Ce com a do Canindezinho. No domingo Zé de Totô estacionou seu caminhãozinho na praça e mandou avisar ao pessoal que ia levar e trazer todo mundo de graça. Vocês sabem que de graça o povo pega até ônibus errado. Em puco tempo o carro estava lotado.
Os passageiros eram: Zé de Totô que era o motorista, eu, Manoel Marinheiro, Antônio e Raimundo de Chico negão, Chico de João de Martins e um grupo de sapateiros, onde tinha um galeguinho que era ligado as famílias do Inhamuns. No canto da carroceria eu contei oita garrafas de cachaça.
A viajem seguia em paz, mas quando chegou numa ladeira, o carro enguiou e ficou querendo descer. Os passageiros ficaram em polvorosa e alguns deles começaram a pular. Manoel Marinheiro foi um que pulou por cima de um pé de unha-de-gato e foi parar depois da cerca que separava a estrada da roça.
Chico de João de Martins entendendo que era uma briga, bateu mão de uma faca e ficou ameaçando todo mundo. Chegou perto do galeguinho com a faca na mão e perguntou:
- Tu num vai correr não? Vela branca?
- O galeguinho pegou no cabo de uma faquinha de cortar sola e respondeu:
- Vou não. Truvão preto! Se é prumode morrer, nóis morre inganchado e ramo pru inferno junto.
Naquele momento alguns passageiros que ainda estavam no carro foram tratando de pular.
Eu passei da grade para o estribo e escutei quando Zé de Totô disse:

POUCO ENTERRO. QUE  VAI  TER  AMANHÃ!

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