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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 2 de maio de 2014

Nau dos insensatos - Por Merval Pereira, O Globo


As intervenções pontuais do governo em setores da economia têm provocado consequências maléficas em outros, como, por exemplo, na questão elétrica. Ou na redução forçada dos juros, que acabou sendo revertida pela realidade, e hoje temos juros mais altos do que antes, para tentar controlar a inflação crescente.

Querendo reduzir compulsoriamente a tarifa de energia, o governo praticamente obrigou as empresas a aceitar uma renovação de contratos em novas bases, provocando prejuízos e impedindo que investimentos necessários fossem feitos.

As tarifas acabaram não caindo como o prometido em um pronunciamento propagandístico na televisão, e o governo está com um problema para o Tesouro enfrentar, que pode chegar a R$ 50 bilhões segundo algumas estimativas.

O desequilíbrio financeiro em consequência da Medida Provisória 579, de 2012, já obrigou o governo a colocar R$ 18 bilhões no setor, para financiar a redução arbitrária da tarifa, afetando as contas públicas.

O malabarismo para financiar outros R$ 11 bilhões está provocando uma crise na Câmara de Compensação de Energia Elétrica (CCEE), com diretores pedindo demissão por não concordarem com essa contabilidade criativa, o que pode obrigar o Tesouro a garantir de alguma maneira esse empréstimo, anulando a tentativa de não aumentar o rombo nas contas públicas.

Depois desse imbróglio todo, ainda restará para o próximo governo um tarifaço e o perigo de um apagão. Caminhamos para uma situação semelhantes à ocorrida em 1998, com sinais trocados. Naquele ano de reeleição, o governo Fernando Henrique Cardoso adiou o mais que pôde a desvalorização do Real, que acabou vindo em janeiro de 1999, no primeiro mês do segundo mandato.


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