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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 10 de agosto de 2014

PAI - Por Antonio Morais


Havia um homem muito rico e que possuía muitos bens, acumulados ao longo da sua vida à custa de muito trabalho. Ele tinha um único filho, que, ao contrário do pai, não queria nada com o trabalho nem com os estudos. O que ele mais curtia eram mulheres e festas com os amigos. Seu pai sempre o advertia sobre a importância do trabalho e dos estudos. Os amigos só estariam ao seu lado enquanto ele tivesse algo para lhes oferecer. Os conselhos e ensinamentos do pai chegavam aos ouvidos do jovem, mas ele não assimilava nada continuava com sua vida vazia de conteúdo e sem objetivos.

Um dia, o velho pai mandou os empregados construírem um pequeno celeiro nos fundos da casa e, dentro dele, uma forca com os seguintes dizeres: "Eu Nunca Ouvi os Conselhos do Meu Pai".

Mais tarde ele chamou o filho, levou-o ao celeiro e disse: Meu filho, já estou velho e quando eu morrer, tudo isso será seu. Se você fracassar quero que me prometa que vai-se enforcar nesta forca. O jovem, incrédulo com aquela louca proposta riu, achou tudo um absurdo, mas, para não discutir com o pai, fez a promessa pensando consigo mesmo que jamais faria aquilo.

O tempo passou, o velho pai morreu e o filho herdou todos os seus bens, assumindo os negócios da família; mas, como havia sido previsto, gastou muito em festas, perdeu dinheiro em negócios malfeitos e começou a vender o patrimônio. Em pouco tempo perdeu tudo. Perdeu os amigos e, desesperado, lembrou-se do pai, cujos conselhos jamais ouvira e então começou a chorar copiosamente. Pesaroso, levantou os olhos vermelhos e avistou ao longe o velho celeiro e aí se lembrou da promessa feita a seu pai. Deprimido e enfraquecido caminhou. até lá e, lendo as palavras escritas na placa, entrou novamente em choro convulsivo, decidiu então cumprir a promessa, já que nada mais lhe restava na vida.

Pensava ele: "Pelo menos agora vou alegrar meu pai, cumprindo minha palavra". Subiu na forca, pendurou a corda no pescoço e jogou-se no ar, sentindo por um instante o aperto em sua garganta. Mas o braço da forca era oco e. quebrou-se antes que o rapaz morresse. Ele caiu ao chão e do braço oco da forca, caíram jóias, esmeraldas e diamantes. 

Uma pequena fortuna que trazia junto um bilhete com os seguintes dizeres: "Esta é a sua nova chance, Eu o Amo Muito, SEU PAI". 

Todos temos direito a uma segunda oportunidade, mas, se ouvirmos os conselhos dos mais experientes, o preço desta segunda oportunidade poderá ser muito menor.

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