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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 31 de janeiro de 2015

15 - Medalha da Alegria - Por Antonio Morais


14 - Medalha da Alegria - Por Antonio Morais


13 - Medalha da Alegria - Por Antonio Morais


12 - Medalha da Alegria - Por Antonio Morais


11 - Medalha da Alegria - Por Antonio Morais


10 - Medalha da Alegria


09 - Medalha da Alegria.


08 - Medalha da Alegria - Por Antonio Morais


07 - Medalha da Alegria - Por Antonio Morais


06 - Medalha da Alegria - Por Antonio Morais


05 - Medalha da Alegria


04 - Medalha da Alegria - Por Antonio Morais


03 - A Medalha da Alegria - Por Antonio Morais


02 - Medalha da Alegria - Por Antonio Morais


sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

01 - Medalha da Alegria - Por Antonio Morais


Mané Cachacinha - Várzea-Alegre é natureza.

Medalha da alegria - Por Antonio Morais


Amadeu Siebra Neto.

Pra bajular politico, puchar o saco  de quem tem  dinheiro, oferecer honras a quem tem voto, Várzea-Alegre além da denominação de ruas e títulos de cidadania criou  uma imensidão de medalhas, entre as quais "Papai Raimundo, Deputado Joaquim Figueiredo, Josué Diniz etc". 

Seguindo a Linha  do Globo Reporta, A "Medalha da Alegria" premiará 15 personalidades, pessoas humildes, simples, cuja certeza tenho: marcaram  sua passagem  do seu modo e jeito e, hoje a poucos deixarão de serem lembrados  por quem  olhar sua foto e sua historia.

Posso garantir que todo orgulho, arrogância, prestigio e dinheiro que os poderosos viveram, tiveram o mesmo fim : debaixo de uma pedra fria com as indefectíveis palavras: aqui jaz.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Dia Nacional do Otário é todo o dia - Por Ricardo Noblat


E no dia em que a Petrobras divulgou o mais desastroso balanço de sua história nos últimos 50 anos, o Diário Oficial da União circulou com decretos assinados pela presidente Dilma Rousseff criando o Dia Nacional do Milho, o Dia Nacional do Técnico Agrícola, o Dia Nacional da Parteira Tradicional e o Dia Nacional da Vigilância Sanitária. A parteira não tradicional talvez venha a merecer seu dia.

Em seguida, Dilma embarcou para a Costa Rica onde se celebra a III Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos. Em discurso maçante, alertou seus colegas para a crise econômica mundial, algo que certamente escapava ao conhecimento deles. E elogiou seu próprio governo, como de hábito. Sim, falou do programa Minha Casa, Minha Vida.

Quanto à manutenção à frente da Petrobras da atual diretoria nomeada por ela, Dilma não disse uma única palavra. Nem os jornalistas tiveram a chance de perguntar a respeito. A última vez que a presidente conversou com eles foi às vésperas do Natal do ano passado. Desde então ela os evita para escapar a perguntas embaraçosas. As perguntas se acumulam.

Somente ontem, com a queda de mais de dez pontos percentuais no valor de suas ações, a Petrobras encolheu quase R$ 14 bilhões. Lula se elegeu, se reelegeu e elegeu Dilma dizendo que a oposição, mais precisamente o PSDB de Fernando Henrique Cardoso, planejava privatizar a Petrobras caso voltasse ao poder. O PT fez diferente: afundou a Petrobras. E a tudo assistimos desinteressados.

A direção da empresa emitiu dois poderosos sinais negativos para o mercado. Não consegue calcular o valor dos ativos da Petrobras. Nem o valor do estrago produzido pela corrupção. Um balanço assim é tudo menos um balanço que mereça crédito. De resto, é um balanço que não foi auditado por técnicos independentes. Que crédito merece a palavra da atual diretoria da Petrobras?

Ela já deveria ter sido demitida há muito tempo. Não foi e dificilmente será porque Graça Foster, a presidente da Petrobras, é amiga querida de Dilma. Que precisa dela dentro da empresa para evitar que algo venha a atingi-la no futuro. Ou a Lula. Graça é militante de carteirinha do PT. Carrega três estrelas tatuadas em um dos seus antebraços, duas pintadas de vermelho.

A redução anunciada de investimentos da empresa para este ano, somada à redução de investimentos das 23 empreiteiras envolvidas com a Operação Lavo-Jato, poderá representar uma contração de quase dois pontos percentuais na economia do país. Quem pagará uma conta monstruosa como essa? Ora, cada um de nós. O Estado é o maior acionista da Petrobras. Somos nós que o mantemos.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Como acreditar em quem nos diz uma coisa hoje e faz o contrário amanhã? - Por Ricardo Noblat

De duas, uma: ou Dilma foi incompetente por não enxergar a corrupção que ameaçava afogar a Petrobras ou foi cúmplice dos que afundaram a empresa

Não vou perder tempo analisando o discurso feito ontem pela presidente Dilma Rousseff diante dos seus 39 ministros reunidos na Granja do Torto.

Afinal, foi um discurso do “sem”. Sem brilho. Sem novidades. Sem propostas de impacto. Sem coerência. Sem convicção. Sem nada. Burocrático.

Não foi um discurso de líder. Que enxerga longe e sugere caminhos. Foi um discurso de quem se defende. De quem se justifica. De quem suplica por compreensão e acolhimento.

Como acreditar em quem nos disse uma coisa quando era candidata à reeleição, está fazendo o contrário do que disse, e, no entanto, quer que acreditemos que não mentiu?

Este é um dos pecados dos poderosos: subestimam a inteligência alheia. De tão arrogantes, acham que conseguirão enganar os outros por muito tempo. Ou por todo o tempo. Até que se esborracham.

Como posso dar crédito a quem promete combater a corrupção, mas foi incapaz de percebê-la quando ela esteve ao alcance do seu nariz? 

Na época, depois de ter sido ministra das Minas Energia, Dilma ocupava a chefia da Casa Civil da presidência da República. Era também presidente do Conselho de Administração da Petrobras.

Ainda não evitava jornalistas. Provocada por alguns deles, disse o que pensava da instalação de uma CPI para investigar a roubalheira na Petrobras. Sim, a roubalheira já era grande.

De duas, uma: ou Dilma foi incompetente por não enxergar a corrupção que ameaçava afogar a Petrobras ou foi cúmplice dos que afundaram a empresa. Prefiro acreditar que foi incompetente.

E essa senhora nos foi apresentada por Lula como melhor gestora do que ele... Que dupla!

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Dilma impõe ao PT uma dura dieta de pouca grana - Por Ricardo Noblat


O PT tem razões de sobra para não gostar da presidente Dilma Rousseff. Ela não é petista de berço, por exemplo. Filiou-se ao partido relativamente há pouco tempo.

Não prestigia os líderes do partido. Os queridinhos recentes dela são Cid Gomes, do PROS, ex-governador do Ceará e atual ministro da Educação, e Gilberto Kassab, do PSD, ex-prefeito de São Paulo e atual ministro de Cidades.

Mas o que tira o PT do sério em se tratando de Dilma é a distribuição de verbas para cada partido administrar. Explico.

Fora os ministérios técnicos, os demais contam com grana que os ministros têm o poder de decidir sua aplicação, com compras e investimentos.

Pois bem: um estudo da Fundação Getúlio Vargas, ao qual teve acesso o jornal O Estado de S. Paulo, mostra que os ministros do PT nunca tiveram tão pouco dinheiro sob seu controle.

Em 2004, antes do escândalo do mensalão, no segundo ano do primeiro governo de Lula, o PT administrava 53% desse tipo de dinheiro contra 25% administrados pelos demais partidos aliados.

Com o mensalão, desesperado pela ajuda dos demais partidos para não cair, Lula inverteu o placar. Deu mais dinheiro para os partidos aliados gastarem – 53% do Orçamento. O PT ficou com 30%.

No primeiro mandato de Dilma, o PT controlou 45% do dinheiro para livre aplicação contra 35% destinados aos partidos aliados.

Neste segundo mandato, sua fatia minguou para 21%. E a dos aliados saltou para 64%.

Menos dinheiro significa menos poder. Para os políticos isso costuma ser mortal.

O apagão de Dilma - Por Ricardo Noblat


Alto lá! Não culpem Levy por pensar como pensa e agir com coerência. Ele não mercadejou o próprio passe. Estava em sossego como executivo bem pago do Bradesco.

Fez à presidente Dilma Rousseff o favor de aceitar o convite para ser ministro da Fazenda, ganhando menos do que ganhava. E para quê? Para virar saco de pancada dos supostos aliados de Dilma?

E sem que ela o defenda? Por que não batem nela?

Nelson Barbosa, ministro do Planejamento, foi o primeiro a apanhar. Disse lá qualquer coisa que desagradou a Dilma. Acabou obrigado a se corrigir.

Depois foi Eduardo Braga, ministro das Minas e Energia. Caiu na armadilha de responder a perguntas na base do “se”.

Uma vez que dissera que não há racionamento de energia à vista, foi confrontado pela pergunta óbvia: “E se não chover o suficiente?”

Se não chover o suficiente o racionamento será inevitável, respondeu Eduardo. Alguém mais esperto escaparia com a resposta clássica: “Não posso raciocinar sobre hipóteses”.

O racionamento ganhou manchete de jornal. Eduardo levou um carão do seu colega Aloizio Mercadante, chefe da Casa Civil. Abandonou Brasília em silêncio.

Então chegou a vez de Levy. Como Dilma preferiu ir à posse do xamã Evo Morales, presidente da Bolívia, Levy voou a Davos, na Suíça.

À vontade no Fórum Econômico Mundial, admitiu que o Brasil possa atravessar uma leve e breve recessão. Tamanho cuidado com as palavras de pouco adiantou.

A poderosa senhora, que se julga uma economista de primeira, mandou Levy substituir “recessão” por “retração”.

Mas não ficou só nisso. Em entrevista ao jornal britânico “Financial Times”, Levy afirmou que “está ultrapassado” o modelo de seguro-desemprego no Brasil. Ah, para quê...

Foi logo mexer com o social, área que Dilma garantira durante a campanha ser intocável. Não mudaria nem que a diabo tossisse.

Diabo, não. Vaca. O diabo foi citado em outro contexto. Por ela ou por Lula, não lembro agora. Nem quero me socorrer do Google.

Dilma (ou Lula) faria o diabo para vencer a eleição presidencial.  E assim foi. Pintou, bordou e mentiu sem dó. Ganhou por pouco.

De volta ao “ultrapassado” modelo de seguro-desemprego. O Ministério da Fazenda emitiu nota dizendo que a declaração de Levy tivera como objetivo “ampliar o debate pela modernização das regras desse benefício”. Dilma não considerou suficiente. 

Mandou que o ministro Miguel Rossetto, da Secretaria Geral da presidência da República soltasse nota chamando o seguro-desemprego de “conquista civilizatória”. Algo que, certamente, tem a ver com “pátria educadora”, novo slogan do governo.

Levy engoliu a nota a seco. Está dando para fazer o que planejou. E até com rapidez. Quanto a Dilma... Emudeceu. Retornou à clandestinidade. Parece envergonhada.

Afinal, entregou o comando da economia a um banqueiro que assessorou a campanha de Aécio Neves (PSDB-MG).

Seguiu a receita de Lula, que ao se eleger pela primeira vez, escalou um banqueiro do PSDB para o comando do Banco Central. No Ministério da Fazenda pôs Antonio Palocci, que não entendia de economia, mas que era do PT.

Ocorre que Dilma não é Lula.

Não tem o carisma dele, nem a habilidade, nem a liderança, nem o cinismo para culpar seus adversários por qualquer erro.

Lula faz política com prazer. Dilma detesta. Lula afaga os aliados até quando os contraria.  Dilma espanca.  Lula governou com o gogó. Dilma usa o gogó para repreender auxiliares.

Pode dar certo? Não sei. Divertido está. Não tem preço ver petistas da gema estupefatos. Sem voz. Como Dilma.

domingo, 25 de janeiro de 2015

Cadê Dilma? Não foge, não, Dilma! - Por Ricardo Noblat

O ministro Pepe Legal – ou melhor: Pepe Vargas, das Relações Institucionais – avisou, avisou, avisou... Que não vai rolar nova CPI para investigar a roubalheira na Petrobras. Não vai rolar.

Basta! O caso já mereceu duas CPIs. Uma mista, formada por senadores e deputados. Outra formada só por deputados. Essa praticamente não funcionou.

A outra funcionou sobre o estrito controle do governo por meio dos seus áulicos no Congresso. E sabem no que deu? Em nada. Deu em nada. Sequer serviu para a oposição fazer barulho.

E assim foi apesar da presidente Dilma Rousseff, na época em que ainda precisava falar com jornalistas para se reeleger, ter ficado rouca de repetir que queria a verdade sobre a Petrobras.

Não importava quanto custaria. Ela, a presidente da República, ex-presidente do Conselho de Administração da Petrobras, ex-ministra das Minas e Energia, queria a verdade custasse o quanto custasse.

Era lorota, como se viu. Continuará sendo lorota caso Dilma volte a comentar o assunto. Está difícil. Ela foge dos jornalistas desde o final do ano passado. Não quer se juntar com notícias ruins. Só com boas.

E como as boas andam escassas... Há razões de sobra para que se instale uma terceira CPI da Petrobras.

Do encerramento das duas primeiras para cá, muita lama veio à tona comprometendo a imagem daquela que já foi uma das maiores empresas do mundo. A Era PT conseguiu rebaixá-la.

CPI é instrumento de investigação da minoria. Não perde a validade só porque o Ministério Público e a Polícia Federal saíram na frente das apurações.

O silêncio de Dilma, e a fuga à obrigação de oferecer rotineiras explicações ao distinto público, só conspiram para reduzir sua aprovação. É o que restará demonstrado pelas próximas pesquisas.

sábado, 24 de janeiro de 2015

Brasil perde poder de voto na Tribunal Penal Internacional da ONU - O Estadão


País acumulou uma dívida de US$6 milhões com a corte sediada em Haia.Mais uma situação complicada para a diplomacia brasileira. Segundo o Estadão, os cortes orçamentários sofridos pelo Ministério de Relações Exteriores fizeram com que o país acumulasse uma dívida de US$ 6 milhões na corte de Haia. Segundo o regulamento da ONU, países que acumulam dívidas, perdem temporariamente seu poder de voto. É a primeira vez que o Itamaraty sofre essa suspenção.

A dívida do Brasil com a ONU em 2014 chegava a US$ 170 milhões e US$14 milhões com a Unesco.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Por que só José Dirceu? Por que Lula, não? - Por Ricardo Noblat


Quando o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, julgado, condenado e preso por envolvimento com o esquema do mensalão, perderá sua condição de bola da vez?

A Justiça quebrou o sigilo fiscal e bancário da JD Consultoria, empresa dele. E descobriu que ela recebeu R$ 4 milhões pagos por empreiteiras acusadas de roubalheira na Petrobras.

As empreiteiras: Galvão Engenharia OAS e UTC. Executivos delas estão no cárcere da Polícia Federal, em Curitiba. Os pagamentos foram feitos entre 2009 e 2013. Dirceu deixou o governo em 2005.

O ex-ministro reconhece que recebeu o dinheiro. Alega que prestou consultoria às empresas. Ou se prova que ele mente ou de nada poderá ser acusado.

Vejam o caso de Lula. Depois que deixou o governo no primeiro dia de janeiro de 2011, passou a prestar serviços às maiores empreiteiras brasileiras. Essas mesmas cujos executivos estão presos.

Ganha das empreiteiras por dois tipos de serviços: palestras que faz aqui e no exterior, e lobby. Ele se empenha junto a governos onde fez amizades para ajudar as empreiteiras a fecharem negócios.

Alguma ilegalidade nisso? Nenhuma, aparentemente. Talvez haja aí um problema de aspecto moral. Lula se vale do cargo que exerceu para ficar rico. Presidente americano também age assim.

Por que não se quebra o sigilo fiscal da empresa de Lula que fornece notas fiscais a quem o contrata? Isso poderia ter alguma coisa a ver com a roubalheira na Petrobras?

Afinal, o que distingue as situações de José Dirceu e de Lula?

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Cadáver adiado que procria - Por José Serra, em O Estado de S.Paulo

Este ano de 2015 não está trazendo surpresas na economia. Para começar, era óbvio que o governo da presidente Dilma Rousseff descumpriria frontalmente seus compromissos de campanha eleitoral, o que, convenham, não surpreende quem estuda minimamente esse assunto. Creio até que as taxas de traição programática do primeiro governo Lula foram maiores que as do segundo governo Dilma – até aqui, ao menos.

Memória informa e também é política. Lembro-me de um Jornal Nacional no segundo turno das eleições de 2002: o Banco Central (BC) elevara os juros e Lula foi chamado a opinar. Não deixou por menos: “Isso é coisa de governo que serve aos bancos, governo de banqueiros!”. O candidato da situação – eu mesmo! –, em posição obviamente desconfortável, também falou, poupando o BC de críticas e atribuindo a medida às incertezas do processo eleitoral. Desdobramento: o petista venceu, nomeou um banqueiro para a presidência do BC, manteve antigos diretores por um bom tempo, nomeou depois outros piores, pôs os juros nas nuvens, ganhou aplausos de toda a comunidade financeira nacional e mundial e foi chamado de realista pela imprensa. Uma indagação aos navegantes: vale a pena aplaudir estelionatos eleitorais?

Reeleita, Dilma tem de reparar seus erros. É o caso da correção de preços administrados – derivados de petróleo e energia elétrica –, reprimidos anteriormente por interesses eleitorais. A taxa de câmbio nominal deve crescer, a menos que o governo mantenha os subsídios fiscais. Aliás, esse será um grande teste para a política econômica Levy-Barbosa: vai dar sequência à manipulação do câmbio para segurar a inflação mediante operações de venda futura de dólar (swaps), que custam caríssimo ao BC e ao Tesouro e ficam fora do Orçamento federal? Apenas no segundo semestre de 2014 (até novembro), o prejuízo nessa conta alcançou R$ 20,5 bilhões – o mesmo valor do pacote tributário ora anunciado.

Parafraseando o marqueteiro João Santana num ataque mentiroso às pretensões tucanas, o governo Dilma semeou inflação e elevou os juros. Com o aumento de 0,5 ponto ontem, a taxa subiu 1,25 ponto em três meses, o que custa a bagatela de R$ 19 bilhões/ano ao Tesouro – perto de 30% da meta de superávit primário anunciada pelo Ministério da Fazenda. O governo ainda aumentou a alíquota do IOF sobre o crédito ao consumo e elevou juros de financiamento habitacional.

Câmbio, petróleo e energia empurrarão a inflação para cima, noves fora dois fatores atenuantes, que talvez facilitem a acomodação de preços relativos: o enfraquecimento da atividade econômica e a queda dos preços internacionais de commodities.

A fim de conter a deterioração das expectativas sobre a economia brasileira, na iminência de ser rebaixada pelas agências de classificação de risco, a dupla Levy e Barbosa tem investido – até agora de forma bem-sucedida – na imagem da responsabilidade fiscal, abalada pelos números sofríveis e seguidas tentativas de maquiagem feitas até o ano passado. As ambições são moderadas: a meta de superávit primário de 1,2% do PIB para 2015 corresponde ao segundo menor porcentual desde 2000, sendo superior apenas ao de 2014, que foi zero. Como lembrou Francisco Lopes, o ajuste fiscal proposto não deve ser suficiente para estabilizar a trajetória da dívida pública líquida, que poderá saltar de 36% para 40% entre 2014 e 2019.

Neste espaço, desde 2011 procurei mostrar como o governo Dilma era inábil para administrar a difícil herança recebida de seu antecessor, de quem, aliás, ela fora estreita colaboradora. Na década passada o petismo desperdiçou uma das maiores oportunidades econômicas que o Brasil contemporâneo já teve: a notável bonança externa decorrente do crescimento exponencial dos preços de nossas exportações de matérias-primas e a disponibilidade de dinheiro externo abundante e barato.

Em vez de aproveitar essa situação para fortalecer nossa economia, o governo promoveu verdadeira farra voltada para o consumo, graças à sobrevalorização cambial mais estúpida de todas quantas houve. Depois da quebra do Lehman Brothers o BC demorou cinco meses para reduzir os juros, que já eram os mais elevados do mundo, enquanto o restante dos países derrubava rapidamente os seus. Em seguida atuou, para manter o diferencial entre o Brasil e o exterior, atraindo capitais à procura de ganhos extraordinários em curto prazo e apreciando ainda mais o real.

Assim, em vez de fomentar a competitividade da economia, investindo em infraestrutura, reduzindo o custo Brasil e incentivando as exportações de manufaturados, o petismo fez o contrário: barateou as importações e encareceu o preço externo de nossas exportações industriais. O golpe na indústria doméstica foi fatal: até hoje seu nível de produção é inferior ao de 2008; o emprego, 10% menor; a balança comercial de manufaturados, mais ou menos equilibrada em 2002, desabou para um déficit de US$ 70 bilhões em 2010 e mais de US$ 110 bilhões em 2014. Evidentemente, houve um colapso nos investimentos industriais, puxando a economia para baixo, além de elevar o déficit em conta corrente do balanço de pagamentos à inquietante vizinhança dos 4% do PIB.

Depois do quadriênio perdido, a economia entrou paralisada em 2015 e o Brasil deve assistir ao longo deste ano à marcha da estagflação galopante, com três fatores agravantes: a seca, que amplia as incertezas sobre a oferta de energia, já prejudicada pelos erros nessa área, e o escândalo do petrolão; o terceiro elemento serve de pano de fundo: não há rumo para o médio e o longo prazos. Inexiste até debate a respeito. A maior ambição do petismo, hoje, é a de um milagre: sobreviver até 2018 e tentar (re)eleger Lula. O modelo petista é um cadáver adiado que procria, como escreveu Fernando Pessoa (Dom Sebastião, Rei de Portugal). A oposição pode ir mais longe: além da vigilância, da crítica e da mobilização, tem de forçar o debate de ideias, fazer propostas, apresentar soluções. Eis uma bela e eficaz ação contra quem não tem mais nada a dizer.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

'Esquema de corrupção na Petrobras não foi estancado' - Por Germano Oliveira e Cleide Carvalho, O Globo


Segundo procuradores, a corrupção continua pois os agentes envolvidos contam com a impunidade

Para o Ministério Público do Paraná (MPF), que teve aceito pela Justiça o pedido de prisão preventiva do ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, o esquema criminoso montado na Petrobras para pagamento de propina em compras da estatal não foi estancado, mesmo após a deflagração da Operação Lava-Jato, em abril do ano passado.

Segundo procuradores, a corrupção continua na Petrobras.

- Não há indicativos de que o esquema criminoso foi estancado. Pelo contrário, há notícias de pagamentos de propinas efetuados por empresas para diretores da Petrobras mesmo em 2014. Note-se que uma das empresas, a Camargo Correa, havia sido investigada por fatos similares anos antes, na Operação Castelo de Areia, sem que o esquema por isso tenha se encerrado - diz o pedido de prisão contra Cerveró, aceito pela Justiça Federal ontem cedo.

- Os agentes envolvidos nessa espécie de crime contam desde já com a impunidade alcançadas em outros casos e, no máximo, postergarão pagamentos, acumulando dívidas e saldos a liquidar com agentes públicos.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Lula e José Dirceu se desentendem por causa do petrolão - Daniel Pereira

Os dois líderes históricos do PT não conversaram desde que o escândalo ganhou corpo. "Vocês me abandonaram há tempos", diz Dirceu

Faz tempo que o escândalo de corrupção na Petrobras serve de combustível para o fogo amigo dentro do PT. No ano passado, petistas que comandavam o movimento “Volta, Lula” criticaram a presidente Dilma Rousseff por admitir que aprovara a compra da refinaria de Pasadena com base num relatório falho. Com o gesto de sinceridade, Dilma teria levado a crise para dentro do Palácio do Planalto, segundo seus adversários internos, e demonstrado uma ingenuidade e um amadorismo capazes de pôr em risco a permanência do partido no poder. No afã de tirá-la da corrida eleitoral, aliados de Lula também acusaram a presidente de traição ao responsabilizar a antiga diretoria da Petrobras, nomeada pelo antecessor, pelos desfalques bilionários nos cofres da companhia. Como o “Volta, Lula” não decolava e a sucessão presidencial se anunciava acirrada, os petistas selaram um armistício até a eleição. Mas, com Dilma reeleita, retomaram a disputa fratricida. O motivo é simples: estrelas do PT serão punidas novamente — agora no petrolão. Resta saber quem pagará a conta. Com as prisões do mensalão ainda frescas na memória, ninguém está disposto a ir para o sacrifício.

A tensão decorrente das investigações e do julgamento do esquema de corrupção na Petrobras colocou em trincheiras opostas as duas mais importantes lideranças históricas do PT: Lula e seu ex-ministro José Dirceu. Tão logo os delatores do petrolão disseram que o ex­diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque recolhia propina para o partido, Dirceu, o padrinho político de Duque, ligou para o Instituto Lula e pediu uma conversa com o ex-presidente. O objetivo era se dizer à disposição para ajudar os companheiros a rebater as acusações e azeitar a estratégia de defesa. Conhecido por deixar soldados feridos pelo caminho, Lula não ligou de volta. Em vez disso, mandou Paulo Okamotto, seu fiel escudeiro, telefonar para Dirceu. Assim foi feito. “Do que você está precisando, Zé?”, questionou Okamotto. Dirceu interpretou a pergunta como uma tentativa do interlocutor de mercadejar o seu silêncio. À mágoa com Lula, que o teria abandonado durante o ano em que passou na cadeia, Dirceu acrescentou pitadas de ira: “Você acha que vou ligar para pedir alguma coisa? Vocês me abandonaram há tempos”, respondeu. E fim de papo.

Diretor do Instituto Lula, Okamotto é frequentemente convocado pelo ex­-presidente para cumprir missões espinhosas. Ele atuou, por exemplo, para impedir que as investigações sobre o mensalão chegassem ao chefe. Em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), o empresário Marcos Valério disse ter sido ameaçado de morte por Okamotto. O recado foi claro: ou Valério se mantinha em silêncio ou pagaria caro por enredar Lula na trama. O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Valério, o operador do mensalão, a 37 anos e cinco meses de prisão. Logo depois de as primeiras penas serem anunciadas, Valério declarou ao MPF que Lula se beneficiara pessoalmente do esquema. No mesmo processo, Dirceu foi condenado por corrupção a sete anos e onze meses de prisão. O petista já deixou a cadeia e, por decisão da Justiça, cumpre o resto da pena em regime domiciliar. Ao telefonar a Lula, ele quis deixar claro a necessidade de o governo e o PT organizarem uma sólida estratégia de defesa no petrolão. A preocupação tem razão de ser.

Delatores do petrolão disseram às autoridades que Renato Duque recolhia 3% dos contratos da diretoria de Serviços da Petrobras para o PT. No âmbito de um acordo de delação premiada, Pedro Barusco, que era o adjunto de Duque, disse que o ex-diretor recolheu propina em pelo menos sessenta contratos. Barusco também implicou o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, na coleta de dinheiro roubado dos cofres da Petrobras. Outros delatores, como empreiteiros, afirmaram que a dinheirama surrupiada financiou campanhas petistas. Há provas fartas contra o partido. É certo que haverá punições. E é justamente isso que faz a briga interna arder em fogo alto. Dilma mantém o discurso de que nada tem a ver com a roubalheira. Executivos nomeados por Lula e demitidos por sua sucessora, como o ex­-presidente da Petrobras Sergio Gabrielli e o ex-diretor Nestor Cerveró, não aceitam ser responsabilizados. O mesmo vale para Dirceu, que não quer correr o risco de voltar à Papuda.

sábado, 17 de janeiro de 2015

Dilma acusa Cerveró, que acusa Dilma. Ambos têm razão! - Ricardo Noblat


Afinal, quem tem razão?

Dilma, que chamou de tecnicamente “falho” o parecer de Nestor Cerveró, na época diretor da área internacional da Petrobras, sobre a compra da refinaria Pasadena, no Texas, Estados Unidos?

Ou Cerveró, que chamou de “negligente” a decisão do Conselho de Administração da Petrobras, presidido na época por Dilma, favorável à compra da refinaria?

Tudo indica que os dois têm razão. E deveriam ser processados.

Em 2006, a Petrobras pagou ao grupo belga Astra Oil 360 milhões de dólares por 50% da refinaria Pasadena. Dois anos depois, comprou os outros 50%.

Ao todo, Pasadena acabou custando 1,18 bilhão de dólares à Petrobras, mais de 27 vezes o que a Astra originalmente desembolsou por ela.

Foi “o negócio do século” para a empresa belga, segundo os jornais de economia daquele país. Para a Petrobras foi um desastre. Não só pelo que ela desembolsou. Mas porque a refinaria estava repleta de problemas.

Tinha pouco menos de três páginas o parecer de Cerveró no qual se baseou o Conselho de Administração da Petrobras para autorizar a compra de Pasadena.

Dilma alega que Cerveró omitiu duas cláusulas do contrato. Cerveró alega que o Conselho de Administração poderia ter requisitado todas as informações que desejasse para amparar a sua decisão.

Não requisitou por que não quis. Foi negligente.

O Tribunal de Contas da União livrou Dilma de qualquer culpa, bem como Graça Foster, presidente da Petrobras. Culpou parte da diretoria da empresa, Cerveró incluído.

Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, que negociou com a Polícia Federal a delação premiada, disse que Cerveró recebeu propina pela compra de Pasadena.

Mais cedo ou mais tarde se conhecerá a opinião do juiz Sérgio Moro a respeito.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Papa Francisco pisou feio na bola! - Ricardo Noblat


Creio em Deus. Sou católico, apostólico, romano. Fiz minha primeira comunhão com cinco anos de idade. Cresci respeitando meu tio José, irmão da minha mãe, arcebispo de São Luís do Maranhão e de Fortaleza. Quando lembro, ainda rezo antes de dormir.

Posto isso, digo com o maior respeito ao Papa Francisco: ele pisou na bola. No avião que o levou, ontem, do Sri Lanka para as Filipinas, Francisco foi interrogado por um jornalista francês sobre o atentado contra o semanário Charlie Hbdo, que terminou com 12 mortos.

Sem mencionar especificamente o ataque ou o nome da publicação, o Papa disse que tanto a liberdade de expressão como a liberdade religiosa “são direitos humanos fundamentais”. Até aí, tudo bem. De fato, são direitos humanos fundamentais. Que mais?

Francisco acrescentou: “Temos a obrigação de falar abertamente, de ter esta liberdade, mas sem ofender. É verdade que não se pode reagir violentamente, mas se Gasbarri [ Alberto Gasbarri, responsável pelas viagens internacionais do Papa ], diz uma palavra feia sobre minha mãe, pode esperar um murro. É normal!”

Não. Não é normal que um Papa, logo um Papa, admita que possa revidar com um murro alguma ofensa à sua mãe. João Paulo II, por exemplo, visitou em sua cela o pistoleiro turco que tentou matá-lo no Vaticano. O Papa perdoou-o por tê-lo atingido com vários tiros.

Respeito todas as religiões. Sou contra ofensas a qualquer uma delas. Mas reconheço como um dos direitos fundamentais do ser humano a livre expressão. Ele é superior a qualquer ofensa. Deve-se punir uma ofensa com o rigor da lei. Com a morte, jamais.

O porta-voz de Francisco viu-se em apuros para explicar o que ele quis dizer. Por mais que tenha esgrimido bem com as palavras, não convenceu. Duvido que Francisco concorde com a morte como meio de se responder a uma ofensa. Mas foi a impressão que deixou.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

LEILÃO DE SÃO RAIMUNDO - 1962 - POR ANTONIO MORAIS


Leilão da festa de São Raimundo Nonato em 1962. Local  Praça Principal da cidade, hoje Praça dos Motoristas. Menininho Bitu sempre foi o encarregado pelos sítios Sanharol, Roçado Dentro, Chico, Serrote, Boa Vista e São Vicente pela promoção das festas de São Raimundo Nonato.

Em 1962, Menininho teve um problema de saúde e foi substituído por Joaquim de Sátiro, da Boa Vista. A festa teve um envolvimento fantástico dos fiés e uma renda fabulosa. Esta é uma foto do leilão de São Raimundo Nonato, na Praça Principal da cidade, hoje a conhecida Praça dos Motoristas. A arrecadação do leilão está na maleta que um dos organizadores segura na mão. Vemos na foto varias pessoas conhecidas. Destacamos entre elas: Nicolau Sátiro, de terno, Mundinho de Benedito, João Bitu, Vicente Bitu de Brito, Joaquim Pretinho, Luís Bitu, com a mala do dinheiro e, Geraldo Bitu, de perfil. Parece-me que, hoje em dia, já não fazem mais este modelo de  promoção. O leilão foi desativado.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

MALDITA SEJA ESSA BAGACEIRA DO ESTRUME - Paulo Cauduro


Multitudinária manifestação de metalúrgicos do ABC toma a Anchieta-Imigrantes nesta manhã de segunda-feira e põe a nu toda a incompetência na condução da política econômica do desgoverno petelho de Dilma Rousseff.

Os erros de condução de nossos assuntos externos foram tantos e tão crassos, que só restou ao Brasil exportar migalhas para os países quebradinhos e esculhambados da nojeira deste nosso "Narcosur".

Dilma foi a pior presidente da história do Brasil, a mais desinformada, obtusa, arrogante e ditatorial.

E a coisa agora só tende mesmo a piorar.

Maldita bagaceira bolchevique!

Lula está nas mãos de Dilma - Por Ricardo Noblat


Ex-presidente depende mais da presidente do que ela dele

Nem sempre o ano novo começa em 1º de janeiro. O ano político de 2015 começou, de fato, ontem, com a entrevista da senadora Martha Suplicy à jornalista Eliane Cantanhede, de O Estado de S. Paulo.

É necessário digeri-la bem para acompanhar a luta surda entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula pelo controle não só do PT como dos seus principais aliados com vistas à eleição de 2018.

Lula quis suceder Dilma a partir deste ano. Dilma não deixou, e se reelegeu. Uma parte do PT, possivelmente a maior, quer Lula candidato à vaga de Dilma na eleição presidencial de 2018. Dependerá outra vez de Dilma. 

Na montagem do seu novo governo, ela deu um chega para lá em nomes indicados por Lula ou a ele ligados. Por ora, Aloizio Mercadante, chefe da Casa Civil da presidência da República, parece contar com a preferência de Dilma para sucedê-la.

Lula a tudo observa sem adiantar suas pretensões.

Lula precisa mais de Dilma do que ela, no momento, precisa dele. Precisa que ela seja bem-sucedida. Se não for, a conta do seu fracasso lhe será debitada. E com razão.

Não foi Lula que inventou a história de Dilma, “a excepcional gestora?” Uma gestora até melhor do que ele? Não foi Lula que pregou: “Votem na mulher”? E não foi a ideia da “mulher de Lula” que atraiu os milhões de votos que em 2010 elegeram Dilma e derrotaram José Serra, do PSDB?

E então? Não bastará que ela governe bem. É preciso também que o apoie.

Agamenon Magalhães, governador de Pernambuco nos anos 50 do século passado, dizia que “ninguém governa governador”. Ninguém preside presidente. A não ser que ele seja um “banana”.

Dilma pode ser tudo, mas uma banana não é. Foi capaz de se impor a Lula e barrar seus passos no caminho de volta à presidência. Resistiu à pressão de Lula para que mudasse sua equipe econômica no segundo semestre de 2013.

Se tivesse cedido, Lula poderia tê-la atropelado, saindo candidato. Mudou a equipe agora. E escalou quem quis.

Dilma só precisará de Lula se por acaso for mal e enfrentar problemas com as ruas. “Lula está fora, totalmente fora”, comentou Martha. Mas ele ainda é o dono da chave dos movimentos sociais, todos dependentes dos favores do governo.

E é Lula, Dilma não, quem melhor transita entre os partidos que sustentam o governo dentro do Congresso. A insatisfação deles com a repartição de poder feita por Dilma só perde para a do PT lulista.

Se Dilma fracassar, Lula fracassará com ela pela absoluta impossibilidade de se desmarcar de sua criatura. Quem está, portanto, numa sinuca de bico é Lula e não Dilma.

O sucesso dela não será obrigatoriamente o sucesso dele. Mas o fracasso será, sim.

Enquanto isso, Mercadante espreita tudo de perto. E dá-se ao luxo de dizer que seu candidato à vaga de Dilma é Lula. Martha desmente que seja.

Lula acha que Mercadante sequestrou o governo. Martha detesta Mercadante, despreza Dilma e está magoada com o PT.

“Mercadante é inimigo. Rui Falcão, presidente do PT, traiu o partido. E o partido se acovardou ao recusar o debate sobre quem era o melhor [candidato] para o país, mesmo sabendo das limitações de Dilma”, espicaça Martha. “Já no primeiro dia [do segundo governo Dilma] vimos um ministério cujo critério foi a exclusão de todos que eram próximos de Lula”.

A senadora sente-se marginalizada dentro de um partido “cada vez mais isolado e que luta apenas pela manutenção do poder”. Pensa em deixá-lo. Talvez em breve.

domingo, 11 de janeiro de 2015

Marta Suplicy: Lula está fora do governo e foi traído - Por Gabriel Garcia

Ex-ministra da Cultura e ex-prefeita de São Paulo, a polêmica senadora Marta Suplicy (PT-SP) afirma que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não participará do segundo governo da presidente Dilma Rousseff: “Lula está totalmente fora”.

Apoiadora oficial do movimento “Volta, Lula”, Marta, em entrevista concedida a Eliane Cantanhêde, do Estado de S. Paulo, revela o que ninguém assume publicamente: Lula está insatisfeito com afilhada política, a quem ajudou a eleger duas vezes.

Na entrevista, a senadora faz dura crítica ao ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e ao presidente nacional do PT, Rui Falcão.

“O Mercadante é inimigo, o Rui traiu o partido e o projeto do PT, e o partido se acovardou”, disparou. Mercadante, segundo Marta, é candidatíssimo a presidente da República em 2018, mas “vai ter contra si a arrogância e o autoritarismo”.

Marta, que rompeu com o governo, diz que os desafios são enormes. E diz que não foram adotadas ações necessárias quando se percebeu o fracasso da política econômica de Dilma.

Sobre a nova equipe econômica, ela a considera qualificada, mas acredita que o futuro das finanças do país está diretamente relacionado à independência do Ministério da Fazenda.

“É preciso ter humildade e a forma de reconhecer os erros a esta altura é deixar a equipe trabalhar. Mas ela (Dilma) não reconheceu na campanha, não reconheceu no discurso de posse”, afirma Marta, que não crê em mudança na postura centralizadora de Dilma.

Mostrando que está completamente desalinhada com o governo, a senadora defende a demissão da presidente da Petrobras, Graça Foster, e se diz estarrecida com a enxurrada de desmandos. Ela não descarta nem mesmo abandonar o partido que ajudou a criar.

Diante de tantas denúncias de corrupção e da economia em frangalhos, Marta dá o ultimato: “Ou o PT muda ou acaba”.

Por que hoje é Domingo - Por Antonio Morais

Em 1974, o prefeito de Várzea-Alegre Lourival Frutuoso, em reconhecimento e gratidão a consagradora vitória nas urnas, resolveu promover uma partida de futebol. Para tanto convidou o selecionado Cratense.

Entre as exigências do presidente da liga cratense o médico Antônio Valdir de Oliveira estava a atenção com os atletas. Hospedagem, alimentação e acomodação, nada podia faltar ou ser deficitário. 

O prefeito contratou o melhor hotel da cidade, o Hotel São Raimundo. Dona Emília, a hoteleira, passou a colher informações: o que cada atleta preferia e gostava de degustar.

Quando os atletas se apiaram do ônibus do seu Orlando e se dirigiram ao refeitório do hotel começou o burburinho. Nunca se viu tanta exigência - Chico Curto queria pêssego, Pangaré pedia maçã, Sibito exigia ameixa, Charuto queria figo, Antônio Pé de Pato queria uva, Pirrol queria morango tudo coisa que pra quelas bandas ninguém sabia que existia.

Na hora do almoço, servido numa mesa de "Pau Darco" com seis metros por dois, de tudo tinha, todos bem acomodados, observou-se Fruta Pão misturando o molho pardo da galinha caipira com o arroz e farofa. Anduiá lascou: Larga de ser burro bicho, chouriço agente come é no fim. Tudo isso sob o olhar severo e disciplinador do técnico Alderico de Paula Damasceno.

Para decepão dos atletas o Crato terminou perdendo de 7 X 1 para Várzea-Alegre o mesmo placar de Alemanha e Brasil. Dizem que este placar elástico deveu-se ao fato do Dr. Vasco juiz de direito de comarca e juiz do jogo ter dado uma mãozinha. Eu não duvido. 

O que pouca gente sabe é que Dona Emília, a hoteleira, até hoje não recebeu a conta da prefeitura.


Seleção de Várzea-Alegre.

Em pé da esquerda para direita: Mascote, Carlito, João de Amadeu, Nenen de Canuta, Otacílio Correia, Toim de Abigail, Dr. Vasco, Valdir e Joaquim Diniz.

Abaixados da esquerda para direita:

Rubens Diniz, Inácio, Silva Teté, Perna Santa, Zezinho e Tinteiro.

sábado, 10 de janeiro de 2015

Duas decisões exemplares da Justiça - Ricardo Noblat


Em menos de 48 horas, o ministro Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), tomou duas decisões importantes destinadas a repercutir política e socialmente. A saber.

Lewandowski reconheceu o direito de cumprir pena em casa da grávida de nove meses Renata Gonçalves Cardoso, de 24 anos de idade, presa em São Paulo.

Uma lei ignorada por juízes e tribunais garante à gestante presa preventivamente o direito de passar os últimos três meses de gravidez em casa. Isso independe do seu estado de saúde.

Lewandowski também suspendeu a decisão de um juiz de São José do Rio Preto (SP) que determinou a quebra de sigilo telefônico das linhas registradas em nome do jornalista Allan de Abreu Aio e do jornal "Diário da Região".

O objetivo da quebra de sigilo era descobrir a fonte que forneceu ao jornalista informações sobre investigação da Polícia Federal a respeito do esquema de corrupção envolvendo fiscais do trabalho na cidade em 2011.

Lewandowski concordou com o argumento da Associação Nacional dos Jornais de que o cumprimento da ordem do juiz implicaria na violação do direito de sigilo de fonte. Sem tal direito, o exercício do jornalismo se inviabiliza.

De volta à decisão do presidente do STF quanto à presa grávida. Em 2013, somente em São Paulo havia 2.422 mães presas. Delas, 147 estavam grávidas, e 247, amamentando. No Rio, hoje, há 25 presas grávidas.

Antes de chegar ao STF, o caso de Renata passou pelo Tribunal de Justiça de São Paulo e pelo Superior Tribunal de Justiça. Ambos negaram à presa o que Lewandowski lhe concedeu.

As duas decisões do ministro ainda dependem de confirmação pelo plenário do STF.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Ano de 2015 range os dentes no quintal de Lula - Por Josias de Souza.


Caprichoso, o ano de 2015 escolheu um local emblemático para exibir o seu primeiro ranger de dentes. Nesta terça-feira, a Volkswagen anunciou a demissão de 800 trabalhadores de sua fábrica em São Bernardo do Campo, berço político do PT e quintal de Lula. 

A decisão acendeu um pavio que resultou na deflagração de uma greve geral na unidade. Segundo o Sindicado dos Metalúrgicos do ABC, as demissões da Volks somam-se a outras 244 que já haviam ocorrido, no final do ano de 2014, na fábrica da Mercedes.

Simultaneamente, o ministro Joaquim Levy (Fazenda), que Dilma Rousseff trouxe do Bradesco para consertar no segundo mandato os erros econômicos que ela dizia não ter cometido no primeiro quadriênio, prepara o anúncio de um megacorte orçamentário. 

Em campanha, Lula e Dilma convidaram o eleitorado a sonhar com a satisfação de suas ambições ainda não satisfeitas. Agora, a plateia começa a frustrar-se com a perda de uma satisfação que não tinha a menor chance de se satisfazer.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

O que o PT mudou no Brasil - Por Antonio Morais


Não se pode duvidar  das mudanças implementadas pelos governos do PT. Lula e Dilma mudaram  muita coisa e eliminaram outras. Bons costumes, moral, ética e honestidade  foram eliminadas e entre as mudanças estão:  Caloteiro mal pagador passou a ser inadimplente.  Ladroagem  passou a ser mal feito e, pasmem,  fome passou a ser insegurança alimentar.

A foto acima mostra  bem o respeito  que esses pilantras tem  pelos pobres, e, prova que  esse quadro é de total responsabilidade das massas que com seus votos garantem puder para esses malandros safados  administrarem o pais  em seu favor.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Por que Dilma não demite a presidente da Petrobras - Ricardo Noblat

Um dia ainda será desvendado o mistério da ligação para a vida ou para a morte entre a presidente Dilma Rousseff e a presidente da Petrobras, Graça Foster – a Graciosa.

Conhecedor das entranhas do que já foi apurado até agora sobre a roubalheira na Petrobras, o Procurador Geral da República recomendou a demissão de Graça e dos demais diretores da empresa.

Elegante e diplomático como sempre, o vice-presidente Michel Temer procedeu da mesma forma. Por sinal, não há um só político com juízo que pense diferente disso. E, no entanto...

Sobrou para Moreira Franco, ministro da Secretaria de Aviação Civil, que havia sido escalado por Dilma para permanecer no cargo durante seu segundo governo. Moreira teve um bom desempenho na Secretaria.

Repórteres de O Globo, Simone Iglesias e Geralda Doca apuraram que Dilma resolveu mandar Moreira embora por que ele, em uma reunião do PMDB, defendeu a demissão de Graça.

Amizade apenas não justifica o empenho desmedido de Dilma em manter Graça na presidência da Petrobras. Graça está bichada. Na melhor das hipóteses, foi incompetente por desconhecer o que se passava ao seu redor.

O comportamento de Dilma alimenta a suspeita de que ela e Graça agiram juntas para acobertar o esquema de corrupção da Petrobras montado ainda no governo Lula. Nesse caso, como ela poderia largar Graça de mão?

Dilma não é Lula. Que largou de mão José Dirceu para que uma cabeça rolasse em pagamento pelo escândalo do mensalão.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

O desafio de Dilma será o de se reinventar - Por Ricardo Noblat


É de fato indigesto o tamanho do sapo que ela está sendo obrigada a engolir com a escalação dos novos responsáveis pela política econômica do seu segundo governo.

Nomear Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda não foi moleza. Significou uma mudança radical na orientação da política econômica. Saiu de cena a gastança irresponsável. Entrou a ortodoxia no manejo das contas públicas.

Levy trabalhou com Antonio Palocci, ministro da Fazenda do primeiro governo Lula e da Casa Civil do primeiro governo Dilma. Palocci e Dilma nunca se bicaram. Tão logo pôde, Dilma livrou-se dele.

Pois Levy escolheu para os principais cargos de sua equipe nomes que trabalharam diretamente com Palocci - três dos seis anunciados ontem. Um deles havia sido demitido por Guido Mântega, que antecedeu Levy no cargo.

Espera-se que Dilma se reinvente descentralizando o poder, rendendo-se a uma política econômica que pouco tem a ver com o que ela pensa, e gastando mais seu tempo em conversas com políticos do que com leitura de relatórios.

Isso será possível? A conferir. Eu duvido.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

A velha Dilma de sempre - Ricardo Noblat

Ninguém em Brasília, por mais próximo que fosse de Dilma, acertaria um bolão que perguntasse assim: “No segundo governo, quanto tempo a presidenta levará para desautorizar publicamente um dos seus auxiliares?”

O mais esperto dos apostadores talvez cravasse “uma semana”. E logo seria apontado como desafeto de Dilma.

Resposta certa: menos de um dia. A vítima: Nelson Barbosa, ministro do Planejamento.

No meio da tarde da última sexta-feira, uma vez empossado, Barbosa se viu no centro de uma roda de jornalistas carentes de informações sobre o ajuste fiscal que vem por aí.

Quem circula com passe livre pelo Palácio do Planalto informa que o ajuste será mais duro do que o imaginado aqui fora. Crivado de perguntas, o ministro resolveu saciar a curiosidade dos jornalistas.

E disse que o governo irá propor ao Congresso uma nova regra para o reajuste do salário mínimo a partir de 2016. A regra atual, criada em 2008, cairá em desuso até dezembro.

Barbosa teve o cuidado de garantir que “continuará a haver aumento real do salário mínimo”, cláusula pétrea da Era PT. Segundo ele, “a política do reajuste do salário mínimo é correta, mas precisa ser reavaliada”.

Dilma não gostou quando soube da entrevista. E no sábado de manhã, na Base Naval de Aratu, na Bahia, onde descansa, subiu nas tamancas ao ler o que os jornais publicaram a respeito.

Um telefonema de Aloizio Mercadante, chefe da Casa Civil da presidência da República, deu conta a Dilma da reação negativa das centrais sindicais à entrevista de Barbosa.

Se não fosse a pessoa autoritária que é, acostumada a infundir medo e a humilhar subordinados, de uma simples secretária ao general que um dia saiu chorando do Palácio do Planalto depois de tratado aos gritos, Dilma poderia ter telefonado para Barbosa e tirado tudo por menos.

Afinal, o ministro nada disse que não tivesse sido antes negociado com ela. E aprovado por ela.

Uma Dilma tolerante, disposta a criar um ambiente favorável ao trabalho em equipe, a ouvir antes de falar, e a compartilhar o poder, na verdade seria outra Dilma e não essa que temos.

Dividir o poder não se resume ao loteamento de cargos do governo entre partidos que o apoiam, mais ainda sabendo que tal prática favorece a corrupção acima de tudo. Como demonstrado.

Mas quem disse que Dilma admite abrir mão de nacos do poder? Somente ela mesma...

Barbosa distribuiu uma nota oficial na tarde do sábado dando o dito pelo não dito: “A proposta de valorização do salário mínimo a partir de 2016 seguirá a regra atualmente vigente”.

Ou seja: um ponto importante da nova política econômica foi revogado mal o governo começou. E começou mal.

Para provar que manda, Dilma desmoralizou seu ministro. Não satisfeita em fazê-lo, deixou que assessores vazassem para a imprensa sua indignação com “declarações consideradas inoportunas”.

Ligado ao PT há muitos anos, Barbosa desmoralizou-se. Aceitou a reprimenda sem chiar. Baixou a cabeça. Aferrou-se ao emprego com gosto. E sem um pingo de vergonha.

Nos fim do governo passado, Guido Mantega, da Fazenda, foi um ministro demissionário no exercício do cargo. Dilma antecipou que o mandaria embora caso se reelegesse.

Barbosa poderá atravessar no cargo os próximos quatro anos. Nem por isso recuperará a autoridade perdida em menos de 24 horas.

A sorte do novo governo depende cada vez mais de Joaquim Levy, sucessor de Mantega. Saiba Dilma que ele não é de levar desaforo para casa. 

domingo, 4 de janeiro de 2015

Dilma sob ataques - Por Merval Pereira


A presidente Dilma terá grandes problemas pela frente por que a esquerda do PT e os sindicalistas já começam a se movimentar tanto contra Joaquim Levy quanto contra as medidas de contenção de custos dos benefícios sociais. Ao mesmo tempo, também o PSDB saiu ao ataque contra as novas medidas de contenção, acusando o governo de estar traindo seus eleitores e classificando de “neoliberalismo petista” as medidas anunciada.

A questão central é que mexer em valores que são importantes para trabalhadores e sindicalistas dá a sensação de que o governo está traindo seus eleitores, ao mesmo tempo que dá margem a que o PSDB assuma uma maneira petista de fazer oposição. 

Mas na verdade o governo está fazendo o que tinha que fazer mesmo, há distorções no seguro desemprego, no sistema de pensões, e em diversos outros mecanismos de benefícios sociais, é necessário, mas desgastante, dar uma controlada nisso. A ideia é economizar cerca de R$ 18 bilhões por ano, o que não é pouca coisa para um país que está precisando desesperadamente cortar custos. 

Mas mexe com interesses de sindicalistas, que já estão muito agitados, e com políticos também. Até setores do PMDB estão questionando as medidas, chamando a atenção para o fato de que o governo começa a cortar custos pelos trabalhadores, e não pelos gastos excessivos da máquina governamental. 

A esquerda do PT está se sentindo afastada da composição desse segundo ministério da presidente Dilma, e acha que a direita tomou conta do governo. Há setores da esquerda, dentro e fora do PT, que não apoiam a presidente por estar tomando medidas que criticava nos seus adversários na campanha eleitoral, e este é um fato que denota a incongruência de um governo que tem que abandonar suas crenças ideológicas na economia para reverter uma situação desastrosa que ele mesmo criou.

 Dilma está tomando medidas que mudam a direção que apontou nos discursos durante a campanha eleitoral, mas não são medidas “de direita”, como equivocadamente apontam seus críticos internos, mas medidas necessárias para recuperar o equilíbrio das contas públicas. 

Ao que tudo indica, teremos pela primeira vez um déficit fiscal ao final deste 2014, pois para chegarmos a um superávit de R$ 10 bilhões anunciado pelo (ainda) ministro Guido Mantega teríamos que ter um superávit de quase R$ 30 bilhões em dezembro, o que é inviável a esta altura, pelo menos sem malabarismos fiscais. 

Dilma já anunciou que vai abrir o capital da Caixa Econômica para investimentos privados e precisa fazer isso mesmo por que o governo não tem dinheiro. O problema da presidente Dilma é que ela não terá o apoio nem de seu partido, o PT, já liberado pelo ex-presidente Lula para críticas, e nem dos movimentos sociais, que ao contrário estarão mobilizados numa ação conjunta de Lula com os líderes sindicais para ir para as ruas defender os interesses da esquerda. 

Isso quer dizer que a pretexto de defender o governo do ataque da “direita”, esses movimentos sociais estarão indo contra setores que estão encastelados no ministério de Dilma, como Gilberto Kassab, do PSD, que no ministério das Cidades terá que dialogar Guilherme Boulos, do Movimento dos Sem Teto, o novo enfant terrible da esquerda brasileira. 

A futura ministra da Agricultura, Kátia Abreu, também terá que se confrontar com João Pedro Stedile e o MST, que prometeu guerra nas ruas caso Aécio Neves vencesse a eleição, e vê a presidente da Confederação Nacional de Agricultura como uma inimiga tão grande quanto o candidato tucano, com o agravante de estar dentro do governo. 

Ao lado disso, o governo não contará com o apoio da oposição, ao contrário do que aconteceu no início do primeiro governo Lula. A Força Sindical, que apoiou Aécio Neves na eleição presidencial, se juntará aos demais sindicatos ligados ao PT para combater as mudanças nas regras de concessão de benefícios trabalhistas e previdenciários, que considera nocivas aos trabalhadores. 

A Força Sindical toca num ponto nevrálgico: o país vive expectativa de aumento de desemprego, de inflação e dos juros, e as novas medidas serão adotadas nesse novo ambiente econômico de crise. 

O PSDB está disposto a ser oposição até mesmo ao ministro da Fazenda Joaquim Levy, que veio de suas hostes. O deputado Antonio Imbassahy já deu a direção ao dizer que as medidas anunciadas representam o “neoliberalismo petista, que provocará desemprego e prejudicará os trabalhadores”. 

O próprio presidente do PSDB, senador Aécio Neves, soltou uma nota afirmando que a presidente “faz agora o impensável: coloca em prática as suas medidas impopulares, prejudicando aqueles que deveriam ser alvo da defesa intransigente do seu governo: os trabalhadores e os estudantes".

O embate será duro e incessante, e a presidente Dilma não parece estar equipada politicamente para enfrentá-lo. 

Ajuste traz Dilma de volta à vida real - Editorial O Globo

Fazendo jus à fama de “ilha da fantasia”, a Brasília da posse de Dilma Rousseff no segundo mandato patrocinou um evento sem sintonia com a realidade do país. O principal pronunciamento da presidente, perante o Congresso, passou longe do Brasil real, ao adotar um modelo de discurso palanqueiro, de campanha eleitoral.

Por exemplo, quando, na série de autolouvações, proclamou a convicção da presidente “sobre o valor da estabilidade econômica, da centralidade do controle da inflação e a necessidade da disciplina fiscal (...)” Ora, se assim houvesse sido, Dilma não precisaria, no mesmo discurso, anunciar um ajuste nas contas públicas.

Também condizente com o estilo de campanha, o pronunciamento foi perpassado pelo cacoete petista típico de alimentar o confronto entre “nós” e “eles”. Se a postura de estimular conflitos nunca é a melhor no exercício da política, a atmosfera se torna ainda mais pesada depois de uma eleição acirrada, da qual o PT saiu vitorioso por apenas três pontos percentuais. Nada que reduza a legitimidade da vitória, mas algo que não pode escapar da sensibilidade dos políticos.

A esperança é que Dilma tenha descido do palanque logo no dia seguinte à posse. Há um trabalho duro para recuperar o terreno perdido na estabilização econômica, no primeiro mandato, e ela é peça-chave na ação política com este objetivo.

O trabalho até já começou, com a edição, nos últimos dias do ano, por medidas provisórias, de necessárias readequações nas normas de concessão de benefícios como pensões por morte, seguro-desemprego etc. Faz tempo benefícios previdenciários e seguros precisavam ser reordenados, mesmo que não houvesse a premência do ajuste fiscal.

Com regras irreais, inexistentes mesmo em países ricos, gastos do INSS, por exemplo, crescem exponencialmente em relação ao PIB. De 1991 a 2015, as despesas totais previdenciárias terão escalado cerca de cinco pontos percentuais do PIB.

A luta para aprovar essas MPs no Congresso, essenciais para o ajuste, com uma redução estimada de R$ 18 bilhões em gastos, trará a presidente para as dificuldades da vida real, com os embates que serão travados em torno das medidas.

No lado da oposição, prenuncia-se uma guerra ao governo nos moldes do radicalismo do PT quando estava fora do poder. Ora, o PSDB sabe que o ajuste é necessário e precisará distinguir o que se trata de ação política oposicionista de sabotagem contra os interesses da nação.

Entende-se que o baixo nível da campanha eleitoral, muito devido ao PT, deixou marcas. Mas elas precisam ser superadas quando estiverem em debate temas estratégicos como este. E virão outros, contrários a interesses de corporações e grupos abrigados na base do governo.

Será um equívoco se o PSDB e aliados se juntarem ao que há de mais retrógrado no Congresso, à esquerda e à direita.

Aliás, os tucanos sabem do que se trata, pois apoiaram Lula nas alterações feitas na previdência do funcionalismo público, em 2003.

Faz de conta - Por Merval Pereira.

A presidente Dilma Rousseff que tomou posse ontem para um segundo mandato continua vivendo no mundo de “faz de conta” que o marqueteiro João Santana criou para a campanha eleitoral, e trouxe de lá mais um lema que se choca com a realidade que a presidente insiste em negar.

Quando afirma que o projeto de Nação que representa prevaleceu nas urnas, ela entra em contradição com a admissão de que o país exige mudanças, que se propõe a realizar mesmo que afirme sempre que tudo vai às mil maravilhas. E deleta da memória que “fez o diabo” para se reeleger, utilizando ferramentas nada democráticas que nada têm a ver com um projeto de nação, mas com um projeto de poder.

“Brasil, Pátria Educadora” seria um bom mote para um governo renovador, se não fosse apenas um achado propagandístico, e refletisse um verdadeiro objetivo prioritário, desmentido logo de cara com a escolha do ex-governador Cid Gomes para o ministério da Educação, sem o menor contato com a área e sem projeto educacional digno de nome.

O improviso da escolha do ministro, que chegou a recusar o cargo, indicando o quanto lhe importa a “pátria educadora”, mostra bem que o projeto que a presidente Dilma anunciou ontem é oco de conteúdo, e entra na lista de mais um dos muitos passes de mágica com que a presidente se acostumou a ganhar eleições e a governar da boca para fora.

Ao tentar dar um sentido mais amplo ao dístico, afirmando que ele indica que “devemos buscar, em todas as ações do governo, um sentido formador, uma prática cidadã, um compromisso de ética e sentimento republicano”, a presidente Dilma só fez ampliar mais ainda a falsidade da afirmativa, pois a escolha do ministro da área, que será “a prioridade das prioridades”, deveu-se apenas à necessidade de dar um lugar de destaque ao PROS, um partido criado de improviso para dar abrigo à dissidência dos Gomes e permitir que fizessem a campanha de Dilma contra a candidatura original de Eduardo Campos do PSB.

Uma distorção do presidencialismo de coalizão que gerou escândalos como o mensalão e agora o petrolão, na prática do toma-lá-dá-cá que pode ser tudo, menos ético. E se o compromisso é com a ética republicana, como explicar o surgimento de escândalos de tamanha magnitude na Petrobras?

Quando se referiu ao esquema de corrupção na estatal, a presidente Dilma mais uma vez fugiu da realidade que a envolve diretamente, por ter sido a controladora da área nos últimos 12 anos de governos petistas, ao dizer que a empresa foi vítima de servidores que não souberam honrá-la.

Ora, a empresa foi vítima de uma armação política engendrada pelo Palácio do Planalto para financiar partidos políticos aliados, e o que aconteceu em consequência nada teve de ocasional ou dependeu deste ou daquele funcionário da Petrobras.

A empresa foi usada pelo PT como alimentadora de um esquema político que não quer largar o poder tão cedo. Ao longo de seu discurso no Congresso a presidente Dilma desfilou por um mundo paralelo em que parece ainda viver, sem assumir a responsabilidade pela situação caótica em que entregou o país para si mesma, e parecendo não se sentir responsável pela correção de rumos que terá que ser feita nesse segundo mandato.

O mais próximo de uma autocrítica, se quisermos ter boa vontade, foi quando reconheceu que as mudanças que precisam ser feitas dependem da credibilidade e da estabilidade da economia. Mas então se desdisse, afirmando que isso “nunca foi novidade”, pois sempre orientou suas ações pela centralidade do controle da inflação e o imperativo da disciplina fiscal.

Se sempre foi assim, o que aconteceu para que tudo desandasse nos quatro anos anteriores em que esteve à frente do governo que agora precisa de ajustes tão duros e prolongados? A única explicação plausível é que, ao contrário do que todos dizem, era o ministro Guido Mantega quem comandava a economia, e a presidente Dilma não tinha nada a ver com as decisões tomadas. Como na Petrobras.

sábado, 3 de janeiro de 2015

Patria Educadora.


Dispostos a atacar o lema 'pátria educadora', com o qual a presidente Dilma Rousseff pretende marcar seu segundo mandato, os colunistas conservadores Merval Pereira e Dora Kramer elegeram o ex-governador Cid Gomes, agora ministro da Educação, como o primeiro alvo de sua artilharia; segundo Dora, Cid não tem 'reconhecido saber' para conduzir o setor; para Merval, Cid não tem 'o menor contato com a área' nem qualquer 'projeto educacional digno de nome'

"A desconexão entre as palavras e os fatos é uma constante nos pronunciamentos da presidente Dilma Rousseff. Raramente surpreende nesse quesito, mas, ontem, no discurso de posse no Congresso Nacional, ela superou-se em vários momentos", disse Dora Kramer. "Em especial quando anunciou em tom solene o lema do segundo mandato: "Brasil, pátria educadora", significando que o governo dará à educação total prioridade nos próximos quatro anos. 

Fosse real, essa primazia deveria necessariamente corresponder à escolha de alguém de reconhecido saber na área para comandar o ministério da Educação. A realidade, no entanto, faz daquele emblema um mero slogan: o ministro é o ex-governador do Ceará, Cid Gomes, nomeado para contemplar o PROS (11 votos na Câmara) e recompensá-lo pela saída do PSB quando o partido deixou a base do governo."

O lulista Gabrielli chama Dilma para a briga - Por Reinaldo Azevedo

O lulista Gabrielli chama Dilma para a briga; Planalto prefere ficar calado; oposição aponta o óbvio: mais um motivo para a CPI

A então ministra Dilma com Gabrielli: se ela achou compra errada, por que não fez nada?

José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, concedeu uma entrevista ao Estadão de domingo e afirmou que Dilma não pode fugir à sua responsabilidade na compra da refinaria de Pasadena. O que isso quer dizer?

Quer dizer que os grupos lulista e dilmista do PT estão em guerra nessa história, como já escrevi aqui. O lulista Gabrielli disse duas coisas na entrevista ao Estadão. A primeira: o conselho de administração, de fato, desconhecia as cláusulas “Put Option” e “Marlim” quando aprovou a compra da refinaria de Pasadena. A primeira obrigava a Petrobras a adquirir os outros 50% da empresa no caso de desentendimento entre os sócios. A segunda garantia à Astra Oil uma rentabilidade anual de 6,9%, independentemente das condições de mercado. Muito bem! Dilma poderia ter ficado contente: afinal, ela afirmou que, de fato, não sabia da existência das ditas-cujas.

Ocorre que Gabrielli não parou por aí. Ele afirmou uma segunda coisa: que Dilma, apesar disso, não deve “fugir a sua responsabilidade”. Atenção! Ele empregou essa expressão mesmo! E isso quer dizer que o ex-presidente da Petrobras, hoje secretário do Planejamento da Bahia — cujo governador é Jaques Wagner, petista como ele e um dos conselheiros da Petrobras quando Pasadena foi comprada —, está acusando Dilma de tentar tirar o corpo da reta. Gabrielli sustenta, a exemplo do que fez Nestor Cerveró, o tal diretor que fez o memorial executivo, que as cláusulas eram irrelevantes.

Isso traduz uma luta interna, intestina mesmo — para usar um termo com uma significação mais ampla e adequada ao caso. A Petrobras hoje divide em dois grupos o petismo: há os lulistas, que acham que a presidente Dilma fez uma grande besteira ao censurar publicamente a compra de Pasadena e afirmar que só concordou porque estava mal informada. E há os dilmistas, que acreditam que ela não é obrigada a arcar com erros evidentes do passado. Gabrielli, como todo mundo sabe, joga no time de Lula. É mais um, diga-se, que já afirmou que não aceita ser usado como boi de piranha do partido.

Eu já escrevi aqui algumas vezes que Gabrielli sempre soube de tudo, desde o princípio. Era o manda-chuva inconteste da empresa. Mas é preciso que fique evidente também — e há vários posts meus a respeito — que não tardou para que Dilma tivesse ciência plena do que estava em curso. Ela, de fato, liderou a rejeição à compra da segunda metade da empresa, mas, derrotada na Justiça americana, não tomou providência nenhuma para punir os faltosos: nem como ministra da Casa Civil e presidente do Conselho nem como presidente da República.

É claro que Gabrielli está puxando a faca. O Planalto, por enquanto, preferiu ficar calado. Também, convenham: vai dizer o quê? A oposição cumpre o seu papel, que é o óbvio e o lógico. Se o petista Gabrielli está dizendo que Dilma não pode fugir às suas responsabilidades, só resta afirmar que aí está mais um motivo para que se instale a CPI da Petrobras. A ministra Rosa Weber, do Supremo, pode decidir nesta terça o destino do pedido de liminar da oposição.

Uma coisa vocês devem ter em mente: Gabrielli não é um franco-atirador. Quando joga Dilma no centro da fogueira, está agindo a serviço do grupo que quer Lula candidato à Presidência da República pelo PT. Para isso, eles leiloam a própria mãe. Por que não leiloariam Dilma Rousseff?


Dilma esqueceu de descer do palanque! - Ricardo Noblat

Faltaram verdades no discurso. Sobraram falácias

Eis o nó da questão: Dilma 2 tentará compatibilizar o ambicioso ajuste fiscal concebido por sua nova equipe econômica com  a preservação das conquistas sociais alcançadas por Lula 1 e 2 e Dilma 1.

A certa altura do seu discurso de posse, ontem, no Congresso, disse a presidente reeleita:

- Mais que ninguém eu sei que o Brasil precisa voltar a crescer. Os primeiros passos desta caminhada passam por um ajuste nas contas públicas, um aumento na poupança interna, a ampliação do investimento e a elevação da produtividade da economia. [...] Faremos isso com o menor sacrifício possível para a população, em especial para os mais necessitados. Reafirmo meu profundo compromisso com a manutenção de todos os direitos trabalhistas e previdenciários.

Palavras ao vento...

Dilma é economista por formação. E sabe que o arranjo das contas públicas atingirá de alguma forma as contas particulares de muita gente. Dos mais pobres, inclusive. Daí... Daí que ela sofisma.

Não sei de onde os mais puros de coração tiram a certeza de que políticos que mentem durante campanhas dizem a verdade depois que se elegem. Negativo.

Faltaram verdades mesmo que incômodas no discurso de Dilma e sobraram falácias.

Dilma afirmou, por exemplo, que o Brasil é a sétima maior economia do mundo. Omitiu que era a sexta maior economia quando seu primeiro governo começou.

“Governo novo, ideias novas” cedeu a vez a “Brasil, pátria educadora”, nova palavra de ordem a orientar o governo de caras velhas e de ideias repetitivas.

Nem o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) do governo Getúlio Vargas no século passado teria sido capaz de imaginar um slogan tão antigo.

Não faltou lugar no discurso para o mantra da reforma política. Nem para a quimera da corrupção que pede para ser extirpada. Mantra e quimera que frequentaram em 2011 o discurso de posse de Dilma 1.

Faltou lugar no discurso para que Dilma fizesse algum aceno à oposição. Com mais razão ainda por ter sido reeleita por uma margem estreita de votos.

Cadê o “diálogo” que pontuou uma dezena de vezes o discurso da vitória de Dilma em outubro do ano passado?

O gato comeu. Ou a arrogância de Dilma.

A presidente reeleita comportou-se no Congresso como a candidata à caça de votos. Esqueceu-se de descer do palanque.

Foi incapaz de pronunciar uma frase inspiradora. De propor um desafio instigante. De arrancar aplausos entusiasmados da assistência.

O que é “um grande pacto nacional” para combater a corrupção? Não explicou.

O que significa defender a Petrobras dos seus inimigos internos e externos? De que modo fará isso?

Blábláblá!

De fato, Dilma perdeu uma preciosa oportunidade de inspirar confiança a seus governados.