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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 21 de março de 2015

Com amigos como esses, Dilma não irá a lugar nenhum - Por Ricardo Noblat


Com aliados como esses, de que maneira a presidente Dilma Rousseff poderá enfrentar os duros anos que se avizinham?

Afinal, que interesse eles têm? O de fortalecer a presidente como dizem? Ou a de enfraquecê-la como negam?

Ontem foi dia de João Pedro Stédile, coordenador nacional do Movimento dos Sem Terra, aquele cujo “exército” Lula ameaçou convocar para sair às ruas em defesa de Dilma.

No assentamento Lanceiros Negros, em Eldorado do Sul, Região Metropolitana de Porto Alegre, Sétille repreendeu Dilma sem o menor pingo de vergonha.

Primeiro atacou Joaquim Levy, ministro da Fazenda. Num discurso quase do mesmo tamanho do discurso de Dilma, Stédile, recomendou humildade a Levy.

Ser mais humilde não é para ir para o céu, é para ouvir o povo, as nossas organizações, para saber onde tem problema. Por que o seu Levy não vem discutir conosco? Não é só cortar e cortar. Podemos baixar a taxa de juros. Chame o povo para baixar a taxa de juros.

De quebra, Stédile malhou a classe média que no último domingo protestou contra Dilma, o PT e a corrupção. Tudo o que Dilma quer é se reconciliar com a classe média. Stédile atacou-a sem piedade.

Por que querem derrubar a Dilma, que é quase uma santa? Vocês acham que a Dilma cometeu algum crime? Querem é dar um golpe nos programas sociais. A classe média não aceita assinar carteira de empregada doméstica, nem ver filho de agricultor na universidade. Não é contra o governo, é contra os pobres.

E emendou:

Companheira Dilma, não se assuste. Deixe o (Miguel) Rossetto [ministro da Secretaria-Geral da presidência da República] cuidando do Palácio e venha para as ruas, onde vamos derrotar a direita e seu plano diabólico.

Dilma respondeu constrangida:

Ele tem a concepção dele, eu tenho a minha. A concepção de um movimento é uma, a de um governo é outra., É absolutamente democrática a crítica dele. Agora, entre ser democrática e a gente aceitar, há uma pequena distância.

Na quarta-feira, Cid Gomes, então ministro da Educação, resolvera peitar Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, mesmo sabendo que isso criaria problemas para Dilma.

Sugeriu que ele é achacador – um dos 300 ou 400 que existem na Câmara, e que só querem extrair vantagens do fato de apoiarem Dilma.

Eduardo antecipou que ele seria demitido. Dali a menos de 10 minutos, o governo anunciou a demissão de Cid. Que saiu de herói diante de uma parcela dos brasileiros, ávida por quem enfrente políticos picaretas. Dilma ficou mal.

Dilma está mal depois que Lula, uma vez mais, deixou vazar os conselhos que lhe deu, e que ela hesita em seguir.

Lula cobra de Dilma uma reforma ministerial ampla. Que tire Aloizio Mercadante da Casa Civil, transferindo-o para o Ministério da Educação. E que entregue a Secretaria de Comunicação do governo a um nome do PT. A Secretaria nada em dinheiro. E o PT...

Ora, o PT se sente atraído por dinheiro. Como mosquito se sente atraído pela luz.

Se depender de Dilma, ela não fará nada do que sugere Lula. O que o deixará furioso. O projeto dele de ser novamente candidato a presidente em 2018 passa por um governo bem-sucedido de Dilma. Do jeito que vai, Lula acha que Dilma vai mal, muito mal.

Lula evita entrar em bola dividida. Ele tem o pendor de entregar qualquer cabeça para salvar a sua. Não se arriscará a uma derrota depois de ter sido eleito e releito, e de ter elegido e reelegido Dilma.

Que graça haveria em ter inaugurado um novo ciclo político, o do PT, e em fechá-lo?

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