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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 2 de agosto de 2016

Governo Temer brinca com a sorte - Por Ricardo Noblat


Sob o título "Governo teme que cassação de Eduardo Cunha possa atrapalhar a aprovação do impeachment de Dilma", escrevi aqui no último dia 21: "O presidente interino Michel Temer amadurece uma resposta à pergunta que começou a circular desde o início desta semana entre alguns dos seus principais assessores: a eventual cassação do mandato do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) prevista para meados de agosto próximo não poderá pôr em risco a aprovação quase certa do impeachment de Dilma na primeira semana de setembro?

A pergunta decorre de um temor que nenhum auxiliar de Temer tem coragem de admitir de público: o de que Cunha, uma vez cassado, faça revelações que possam causar estragos diretos ou indiretos à imagem do governo."

Temer amadureceu a resposta à pergunta: o melhor é que a cassação do mandato de Cunha fique para depois da aprovação do impeachment.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) já foi informado a respeito. E é por isso que hesita em marcar para logo a sessão de julgamento de Cunha.

Alega que ainda não está seguro de que haverá quorum alto este mês na Câmara para que se vote matéria tão delicada. Com quórum baixo, Cunha poderá escapar de ser cassado.

São 513 deputados. Cassação de mandato depende de 257 votos favoráveis, metade mais um do total. Os votos contrários à cassação não pecisam, sequer, comparecer.

A preocupação do governo aumentou depois que o juiz Sérgio Moro, em decisâo anunciada ontem, negou o pedido da defesa da jornalista Célia Cruz, mulher de Cunha, para suspender o processo que ela responde em Curitiba.

Cunha sabe que seu destino está selado. Ele será cassado. Luta para salvar a mulher e a filha da cadeia. As duas são acusadas de terem se beneficiado do dinheiro que ele escondia no exterior.

Temer repete que Cunha nada tem a dizer que possa embaraçá-lo. Mas reconhece que, acuado, ele poderá provocar um terremoto no Congresso, com consequências inimagináveis para o desfecho do processo de impeachment.

O que Temer não parece avaliar com exatidão é o risco que pessoalmente corre de ser visto como cúmplice ou refém de Cunha. Ou as duas coisas.

Cunha passará. Temer terá pela frente mais dois anos e tanto de um governo difícil, que sem apoio popular não terá êxito.

Um comentário:

  1. Ontem eu me encontrei com uma ex-colega do Ginásio em Várzea-Alegre. Ela me disse : Antônio eu gosto de ler seus escritos, mas você é muito contra Lula e eu o admiro. Porque você não fala do Cunha, do Renan e tantos outros. Respeitando uma colega que sempre vi com os olhos de um irmão disse-lhe - Porque o Pajé é o chefe. Acho que ela não verá mais o nosso Blog.

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