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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Abismo moral atrapalha a estratégia econômica - Por Josias de Souza.

O Carnaval ofereceu a Michel Temer uma valiosa oportunidade para a reflexão. A quarta-feira reserva ao presidente muitas cinzas. Temer terá de decidir se vai eliminar ou acentuar o contraste que se estabeleceu entre as áreas econômica e política do seu governo. Na economia, Temer celebra os números que apontam, timidamente, os resultados de uma gestão que tenta tirar o país do buraco. Na política, o presidente tolera e até participa de uma movimentação que aprofunda o abismo moral em que o Brasil está metido. O primeiro dilema que Temer precisa encarar envolve o ministro Eliseu Padilha. Demitir ou não demitir o chefe da Casa Civil?, eis a questão.

Nos últimos dias, Temer e o ministro Henrique Meirelles, da Fazenda, se esforçam muito para convencer os aliados do governo no Congresso e toda a plateia de que a página da recessão foi virada. Os números mais recentes do IBGE sobre o desemprego recomendam calma. Há mais de 12 milhões de desempregados no país. Um em cada cinco desses trabalhadores está sem contracheque há mais de dois anos. Uma situação como essa não se reverte do dia para a noite. Leva tempo.

Temer precisa resolver o drama hamletiano do seu governo, momentaneamente personificado em Eliseu Padilha. Sob pena de permitir que a podridão política contamine a economia. O presidente não pode mais assistir à carnavalização política do seu governo com o distanciamento de um observador neutro, como se nada fosse com ele. 

Depois que seu amigo José Yunes acusou seu outro amigo Eliseu Padilha de lhe enviar um pacote tóxico por meio do doleiro Lúcio Funaro, tudo passou a ser com Michel Temer. De volta do descanso do Carnaval, o presidente terá de informar se tem condições de se afastar do bloco de sujos.

Faltou equilíbrio e serenidade ao jornalista J. Alcides – por Armando Lopes Rafael (*)



O jornalista J. Alcides tem como característica primordial escrever externando um  comportamento ou opinião inflexível. Ele é o que podemos chamar de extremista ou  radical. Além do mais, J. Alcides escreve ao sabor da última emoção, produz escritos sem se arrimar em  opiniões calcadas na realidade, na veracidade e no bom senso.
Lamentável, profundamente lamentável!
Nesse episódio das demarcações das fronteiras dos municípios da Região Metropolitana do Cariri, talvez patrocinado por versões apressadas, irrefletidas ou mesmo enganosas, ele fez pesados ataques ao povo de Crato, em ilações que – mais dias, menos dias – verá que foram precipitadas, irrefletidas e imprudentes.
Enquanto leremos abaixo a versão do jornalista J. Alcides, veremos também outro artigo sobre o mesmo assunto. Este foi escrito pelo jovem Mauro Cordeiro Filho, uma pessoa sensata, equilibrada, objetiva e que pesquisou sobre o assunto antes de produzir o artigo que passo a transcrever:

“Afinal, onde estou? Juazeiro do Norte e a redistribuição geográfica: mitos e verdades  – Por Mauro Cordeiro Filho
Bandeira de Juazeiro do Norte

O título ficou grandão? Ficou. Mas o burburinho nas vias públicas de Juazeiro e nas redes sociais (calçada virtual) também foi grande. Não é que tenhamos desenvolvido nosso blog com caráter de observatório urbano, mas não podemos deixar de falar sobre o dia 21 de fevereiro de 2017.

Nós, juazeirenses, amanhecemos com uma notícia bomba…

Esse foi o costumeiro “bom dia” dessa terça feira, distribuído nos grupos de celular e redes sociais. Tratava-se na verdade de um texto alvoroçado informando levianamente sobre a nova divisão territorial de Juazeiro do Norte e cidades circunvizinhas.
Quem conhece o Cariri sabe concretamente que é possível, por estrada, percorrer as cidades do triângulo Crajubar (Crato-Juazeiro-Barbalha) com mais de uma rota. O que demonstra por si só uma interligação entre as cidades da região. A propósito, o desenvolvimento da região metropolitana tem apontado para uma ampliação das condições de mobilidade; como é o caso do Projeto do anel-viário (quase em conclusão), com 43km de malha viária, facilitando a locomoção entre Caririaçu-Juazeiro-Crato-Barbalha-Missão Velha.

Acontece que a Assembleia Legislativa do Ceará aprovou, em 29 de dezembro de 2016, a Lei Estadual n.º 16.198 que descreve os limites intermunicipais de 128, dos 184 municípios do Ceará.
 
Nesse contexto, Juazeiro do Norte, ao lado de  Abaiara, Altaneira, Antonina do Norte, Assaré, Aurora, Baixio, Barbalha,  Barro, Brejo Santo, Campos Sales, Canindé, Caririaçu, Farias Brito, Icó, Iguatu, Jardim, Jati, Lavras da Mangabeira, Mauriti, Milagres, Missão Velha, Nova Olinda, Potengi, Santana do Cariri, Tarrafas, Umari, Várzea Alegre e tantas outras cidades, tiveram seu espaço remodelado. Até Fortaleza teve redimensionamento territorial.
 
Deixando de lado o partidarismo, a explicação mais simples para o estranhamento da população de Juazeiro, se dá pela de falta de percepção de algo que já vem acontecendo há muito tempo: um fenômeno urbano-geográfico chamado de conurbação – típico de regiões metropolitanas.

Do fenômeno urbano
Quando olhamos a legislação remota, de 1911, que eleva o povoado de Juazeiro à cidade, encontramos uma delimitação esparsa do território:
Conforme a Lei Estadual n.º 1028, de 22 de julho de 1911, tem-se que:

Art.2.º: Os limites do Município:
(…)

Linhas divisórias:
Com São Pedro, ao Norte, a linha divisória é o riacho dos Carneiros. Com Barbalha, ao Sul, a linha divisória é a Lagoa Seca. Com Missão Velha, a Leste, a linha divisória é o Rio Carás, no Alto da Jurema. Com o Crato, a Oeste, a linha divisória é o riacho São José.

O que acontece, afinal?
Na realidade é que a expansão de Juazeiro do Norte tem superado o seu limite territorial. A ocupação do território – com loteamento e construção de residências, entre outras intervenções urbanas, acabou que extrapolando o nosso limite – ou ocupando áreas ainda não delimitadas. Ou seja, no processo de extensão de Juazeiro, experimenta-se o fenômeno de conurbação.
 
Conurbação se dá quando duas ou mais cidades se encontram formando um mesmo espaço geográfico. Em outras palavras, dividem entre si o mesmo contexto urbano, diminuindo as diferenças territoriais nas áreas de entorno. É a expansão de uma cidade em direção às cidades vizinhas.

Quando transitamos pelas vias, as placas de trânsito conseguem sinalizar a delimitação dos territórios. No entanto, dentro dos espaços, somente com as glebas de terra, difícil é encontrar os marcos originais de território. Pelos efeitos da conurbação, a grande parte da população – e até o Governo, não sabia exatamente onde começava e terminava os limites município.
Para termos compreensão visual do que é redimensionamento territorial, basta olharmos os mapas da Evolução Territorial do Ceará, entre os anos de 1823 a 2000, elaborado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE), que é uma fonte oficial. Numa análise simples é possível observar que o território cearense vem sido alterado no lastro temporal. Haja vista, desde 1920, quase não houve alteração entre os territórios municipais do estado cearense. Aliás, há 66 anos (desde 1951) não há alteração no atlas cearense.

O que é mito?

      Muitas pessoas acabaram repassando informações inverídicas a respeito da divisão. Recebemos um mapa em que se ressalta somente o território mais central da zona urbana, dizendo ser os novos limites de Juazeiro. A Colina do Horto aparece recortada, tendo o principal Cartão Postal da cidade como pertencente à Caririaçu. Até o Aeroporto Orlando Bezerra, praticamente o único em funcionamento na região, agora pertenceria à Missão Velha. Pasmem! Houve até a possibilidade de construírem uma estátua de “Jonas Esticado”, já que a do Pe. Cicero foi embora pra Caririaçu. Foi piada pra gringo ver!

O que é verdade?
A verdade é que não precisamos nos preocupar em fazer ocupações, manifestações ou outros atos similares. Muito menos sair dizendo por aí que Juazeiro foi vendido pro Crato.Alimentar esse tipo de posicionamento só enfraquece as relações sócio-político-econômicas, promovendo um aldeamento regional.

De fato, se ampliarmos o novo mapa, verifica-se que houve sim um redimensionamento. Mas não é verdade a informação de venda de glebas ou de que Horto do Juazeiro agora pertença à Caririaçu.
A Lei Estadual vem para suprir uma carência existencial. Com a moderna tecnologia de georreferenciamento é possível traçar exatamente as coordenadas dos marcos delimitadores. Com a atualização, áreas que até então eram territórios indefinidos, passam a pertencer a um determinado município. Mas isso não altera o contexto urbano em que se encontram.

Se essa região limítrofe não fosse ocupada, certamente não haveria tanta discussão nas redes sociais.


O ponto de maior virtude nessa história, é conseguir levantar um debate atraindo o interesse dos cidadãos em reconhecer o espaço que lhe pertence, que lhe é de direito. Apesar disso, a discussão e apropriação não pode se dá de forma arrogante, incrustando sentimentos desarojados ou sem fundamentação. A Cidade é um direito e deve ser pensada de forma universal e democrática, mas nunca com tom jocoso. 

Procurando o “Norte”!

Vislumbramos sim a possibilidade de surgir alguns problemas nessa história. Algumas situações desconfortáveis já podem ser identificadas. Por exemplo, os loteamentos e as residências que estavam compreendidos nessa área indefinida, que ora achou-se pertencer à Juazeiro, agora pertencem a outros municípios.
A conurbação tem essa característica em si. Quando a concentração urbana limita-se ao centro, não há esse tipo de problema. Mas, quando há expansão à deriva, num processo rápido e contínuo, fica difícil compreender onde realmente é o limite. Na maioria das vezes,  como neste caso, se faz necessário um redimensionamento a partir do cenário urbano hodierno.

Afinal, onde estamos?
Voltando a pergunta que nos insere nesse diálogo urbano: onde estamos? Estamos no Ceará, na Região Metropolitana do Cariri. Estamos juntos e misturados! O Cariri tem um feeling que nos une, ao passo que cada espaço tem traços peculiares. Somos distintos, mas umbilicalmente ligados.
Por isso a importância de um planejamento urbano voltado para as necessidades da Cidade e Região. Uma cidade com desenvolvimento, com acessibilidade… uma cidade universalizada. Se até agora estávamos dormindo quanto aos problemas da urbe, este pode ter sido o estalo que faltava para despertar.
A conversa não para por aqui… Vai ter Parte II, sim!”
***    ***   ***
O leitor agora compare o artigo acima (de Mauro Cordeiro Filho) com o artigo que vai ler abaixo (do jornalista J. Alcides)

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

TRAIÇÃO E GUERRA - Por Jota Alcides

O estudo inicial apresentava uma delimitação diferente da atual. O resultado divulgado em 2013 não foi favorável ao município do Crato, pois perderia território para Farias Brito, Caririaçu, Juazeiro do Norte e Barbalha. Este resultado atual assinado por Camilo Santana foi articulado pelo então deputado José Aílton Brasil, atual prefeito de Crato. Para melhor compreender o que aconteceu, vamos relembrar a trajetória desse projeto até seu final absurdo. 

No início de 2011 foi lançado pela Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, o projeto de consolidação das Leis de Limites Intermunicipais, coordenado pelo deputado Neto Nunes do PMDB. Em 2012, uma comissão de Triagem da Assembleia esteve no Cariri para realizar o trabalho de georreferenciamento dos limites municipais, objetivando esclarecer pendências e analisar retificações feitas por alguns prefeitos. O resultado desse trabalho, divulgado no final de 2013, não foi favorável ao município de Crato, pois perderia território para Farias Brito, Caririaçu, Juazeiro do Norte e Barbalha. De acordo com a mídia. o limite municipal de Juazeiro e Crato, na Avenida Padre Cícero, ficaria localizado nas proximidades da casa de shows Texas (nesse caso o Juazeiro ganharia uma faixa de aproximadamente 1 km). Para um geógrafo cratense que deu entrevista na TV Verdes Mares Cariri, o Crato perderia aproximadamente 80% do Distrito Industrial para Juazeiro. 

Por isso que o prefeito do Crato iniciou a instalação de um "novo" distrito industrial. Com esse resultado, as autoridades cratenses se organizaram para retirar o Projeto de Lei da pauta da Assembleia, exigindo um novo georreferenciamento. Na ocasião foi feita uma reunião do deputado Neto Nunes com os prefeitos do Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha. A partir desse evento uma série de textos difamatórios sobre o Juazeiro foram difundidos na internet. Um deles, de autoria do cratense Pedro Esmeraldo, assumidamente inimigo do Juazeiro, foi publicado pelo Juanorte em fevereiro 2014. Nessa carta aberta, Pedro Esmeraldo atacou fortemente Juazeiro tratando-o como "cidade maldita que pretende invadir as terras do Crato na marra". Foi tão agressivo e insano que o então vice-prefeito do Juazeiro, Roberto Celestino, me ligou perguntando se era verdade aquela ofensa de Pedro Esmeraldo, tendo como resposta a confirmação. Agora, três anos depois do estudo inicial, a verdade verdadeira mostra quem é a cidade maldita do Cariri, exatamente quem andou difamando Juazeiro, o invejoso Crato. 

É bom explicar: inveja não é querer ter as coisas que outro tem; isso é ambição de conquista; inveja é querer ter o que é do outro e que o outro não tenha. E é esta a marca característica de Crato que, há cerca de um século e meio', só tem uma preocupação: prejudicar Juazeiro, esquecendo-se de trabalhar pelo seu progresso. Mais uma vez na história, Ceará se une ao Crato e Crato se une ao Ceará. para destruir Juazeiro. Na maior surdina, roubaram e passaram para Barbalha terras de áreas nobres do Juazeiro, como Lagoa Seca. Traidores. Ninguém esquece o que aconteceu em 1914, a guerra que cearenses e cratenses chamam de "Sedição do Juazeiro" só para denegrir a imagem do Juazeiro. Não houve sedição do Juazeiro, mas sedição do Ceará. Faz sedição quem provoca desordem, confusão social,

tumulto, conflito. Quem fez isso foi o Governo do Ceará, representado pela besta quadrada Franco Rabelo, que teve total apoio de Crato para seu objetivo criminoso de destruir Juazeiro e matar o Padre Cícero. O governador Franco Rabelo chegou a mandar mais de mil militares fortemente armados para Crato com a missão destruidora. Mas os romeiros do Nordeste correram ao Juazeiro, salvaram a cidade e o Padre Cícero, depois ocuparam Fortaleza, cercaram o governador em palácio, que foi forçado a fugir em navio e caiu, deposto. Agora, a safadeza se repete. Se existe um município do Ceará que não pode perder terras é Juazeiro porque já é o menor do Estado. Mas, o governador Camilo Santana, que é cratense-barbalhense, macumunado com os inescrupulosos deputados estaduais e sob pressão de Crato, aprovou essa sandice, sem consulta pública, sem plebiscito, sem o conhecimento do povo do Juazeiro. aí essa maldita lei contra Juazeiro, fruto de um plano secreto de Ceará e Crato. Não somos a favor de guerra, mas o que Ceará e Crato acabam de fazer é uma declaração de guerra assinada pelo governador Camilo Santana. 

Em honra de sua história, de suas tradições, do Padre Cícero e do seu povo valoroso, lutador e destemido, Juazeiro deve resistir e reagir como ensina Shakespeare: "Em tempo de paz convém ao homem serenidade e humildade; mas quando estoura a guerra deve agir como um tigre!". 

Gente Fina - Por Martha Medeiros.

Gente fina é aquela que é tão especial que a gente nem percebe se é gorda, magra, velha, moça, loira, morena, alta ou baixa.

Ela é gente fina, ou seja, está acima de qualquer classificação. Todos a querem por perto. Tem um astral leve, mas sabe aprofundar as questões quando necessário. É simpática, mas não é bobalhona. É uma pessoa direita, mas não escravizada pelos certos e errados. Sabe transgredir sem agredir. Gente fina é aquela que é generosa, te ajuda, mas permite que você cresça sozinho. Gente fina diz mais sim do que não, e faz isso naturalmente, não somente para agradar.

Gente fina se sente confortável em qualquer ambiente. Num boteco de beira de estrada e num castelo no interior da Escócia. Gente fina não julga ninguém. Tem opinião, apenas. Um novo começo de era, com gente fina, elegante e sincera. É o que mais se pode querer.

Gente fina não esnoba, não humilha, não trapaceia, não compete e, como o próprio nome diz, não engrossa.

Gente fina não veio ao mundo para colocar areia no projeto dos outros. Ela não pesa, mesmo sendo gorda, e não é leviana mesmo sendo magra. Gente fina não faz fofoca, se coloca no lugar do outro. Gente fina é amável, honesta, verdadeira e confiável.

Gente fina é que tinha de virar tendência. Se colocarmos na balança é ela quem faz a diferença. Gente fina é generosa, suas mãos tem sempre algo para oferecer. Jesus Cristo não julgou quando nos mandou amar. Se ama porque Deus a amor. Que Deus continue te abençoando. Para que sempre seja uma bênção para todos os teus amigos.

Martha Medeiros.

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Eliseu Padilha virou uma demissão incontornável - Por Josias de Souza.

Instituído por Michel Temer há 13 dias, o modelo de demissão de ministros em suaves prestações já está com o prazo de validade vencido. Ministros denunciados pela Procuradoria na Lava Jato, esclareceu Temer, amargariam um afastamento temporário, conservando o salário e o privilégio de foro. Convertidos em réus pelo Supremo Tribunal Federal, os ministros seriam, aí sim, mandados ao olho da rua. 

Eliseu Padilha, o chefe da Casa Civil, ainda não foi denunciado. Tampouco virou réu. Entretanto, embora a ficha de Temer ainda não tenha caído, a demissão do chefe da Casa Civil tornou-se incontornável. Até aliados do presidente já admitem em privado que o mais conveniente seria que o ministro, licenciado por problemas de saúde, não retornasse.

Temer enxerga em Eliseu Padilha uma honestidade incrível. Mas o braço brasiliense da força-tarefa da Opreação Lava Jato passou a ver no ministro uma inocência inacreditável. A incredulidade dos investigadores cresceu depois que o ex-assessor presidencial José Yunes veio aos holofotes para dizer que recebeu, a pedido de Padilha, um envelope levado pelo doleiro Lúcio Funaro. O enredo tem pontos de contato com as delações da Odebrecht, que indicam o escritório paulista de Yunes como um dos endereços de entrega de parte dos R$ 10 milhões que Temer solicitou a Marcelo Odebrecht em 2014.

Em política, não adianta brigar com o inevitável. Diante de um pé d’água, a primeira coisa a fazer é encontrar um guarda-chuva. A segunda, é abrir o guarda-chuva. A terceira, é tentar se molhar o mínimo possível. Alcançado por um temporal, Padilha deixou Temer ensopado. O modelo de demissão a prazo afastamento na denúncia e exoneração no envio ao banco dos réus— deixou o almoxarifado do Planalto sem guarda-chuvas. A fórmula pode interessar aos ministros que estão na chuva. Mas mantém a reputação do presidente, já encharcada, à mercê de todo tipo de intempérie.

A integridade de um presidente da República é como a gravidez. Não dá segunda safra. Mas convém a Temer manter ao menos as aparências. O autodenominado “núcleo duro” do Planalto se liquefez. A cúpula do governo vira chorume junto com a fina flor do PMDB. E Temer encontra-se perigosamente próximo do lixão para o qual a Lava Jato arrasta personagens como Renan Calheiros, Romero Jucá, Edison Lobão, José Sarney, Jader Barbalho… 

A atmosfera malcheirosa adensou-se com a chegada ao Brasil dos operadores de propinas Jorge e Bruno Luz, presos em Miami. Licenciado da presidência do PMDB, Temer comandou o partido por 15 anos. Perdeu o direito de usar o bordão “eu não sabia”.

sábado, 25 de fevereiro de 2017

É para rir ou para chorar? Dilma anuncia que é candidata – por Jair Gomes Coelho (*)

A defenestrada Dilma Rousseff, por obra e graça do ministro Ricardo Lewandowski, que a livrou de oito anos de geladeira eleitoral, ousa dizer a mais de 200 milhões de brasileiros que pretende concorrer nas eleições de 2018. Sua dúvida é se concorrerá a deputada federal ou a senadora.

Talvez até para governadora do Rio Grande do Sul. Isso até o registro da candidatura, se o Supremo Tribunal Federal (STF) não tiver julgado a ação contra o fatiamento da decisão final de seu impeachment, numa agressão frontal à Constituição federal. Mas, como o símbolo do STF é um cágado sedado, tudo conspira a favor do poste responsável pelo aumento das contas de luz residenciais em 8,55% em março. A decisão é da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e vai valer até 2025.

A responsável por essa rapina é a afilhada do ministro Lewandowski. Ela determinou, em 2012, uma redução de 20% nas contas de energia elétrica, mas que chegaram a mais de 50%. Agora, a conta chegou. As empresas transmissoras serão indenizadas em mais de R$ 62 bilhões, que vão sobrar para o povão. Mas é bom que este povo não fique depressivo, porque os medicamentos terão aumento de 3,4%. Esta, entre tantas outras, foram as pedaladas de Dilma para sua reeleição. Nos sonhos de Madame Rousseff há um pesadelo chamado Lava Jato.
 
(*) Jair Gomes Coelho – E-mail:  jairgcoelho@gmail.com

Brasil Real, Brasil verdadeiro

A melhor lembrança
 
Com frequência, o Imperador Dom Pedro II visitava as oficinas de máquinas e estaleiros do Arsenal de Marinha, para analisar e revistar de perto os trabalhos e avanços que lá estavam sendo realizados.
Numa dessas visitas, o Soberano procurou pelo Tenente-Coronel José Carlos de Carvalho, herói na Guerra do Paraguai, ao ter chefiado a Comissão de Engenheiros. O Imperador logo foi informado de que o Tenente-Coronel se encontrava trabalhando nas caldeiras.

Lá chegando, estendeu a mão ao Tenente, que o cumprimentou, mas logo se desconcertou por ter sujado a mão de Sua Majestade, e pediu uma bacia com água e uma toalha. O Imperador disse:

— Não precisa. É a melhor lembrança que posso levar da visita de hoje, onde encontro o Tenente Carvalho com a blusa de operário das oficinas deste arsenal.

(Baseado em trecho do livro "Revivendo o Brasil-Império", de Leopoldo Bibiano Xavier – Postagem Original: Face book do Pró-Monarquia) 



O enterro da lei Maria da Penha - Por Antônio Morais


Preliminarmente  eu quero contar essa  história  que vi  com os meus  próprios olhos e ouvir  com os  meus ouvidos há menos de três meses no sitio Sanharol, hoje um bairro de Várzea-alegre.

"Tonha de Raimundo Cocão disse para  sua vizinha Luzia de Zé de Lula Goteira : Eu não sei como tu aguenta Zé? Todo dia um porre e todo dia ele bate em tu.  

Muier e o que eu ai de fazer? 

Hoje  existe a lei Maria da Penha, procure!  

E tu acha que quando Zé está laigando  os cabo de  bassoura  in neu se eu  gritar chega Maria da Penha  ela  vem   empatar de Zé bater neu"?

Um dos crimes mais  horrendos e bárbaros acontecidos  contra a mulher, nos últimos anos,  foi  o assassinato  da jovem Elisa Samudio que se envolveu com Bruno jogador do Flamengo.  

Todos conhecem a história. Uma trama dos diabos, o interesse por dinheiro foi quem  motivou e dinheiro é coisa do diabo.

O ministro  do STF  Marco Aurélio Melo soltou e não há lei alguma que revogue sua decisão. O problema da impunidade dos crimes contra a mulher  não é a falta de lei e sim a falta da aplicação dela.

O nome do problema do governo não é Padilha - Por Josias de Souza.


O problema do governo tem nome e sobrenome. Nas últimas horas, políticos e jornalistas o chamam de Eliseu Padilha. Se estivessem certos, a solução seria simples. Bastariam uma esferográfica para a assinatura do presidente e uma folha para o ato de exoneração do chefe da Casa Civil. Mas estão todos enganados.

Chama-se Michel Temer o problema do governo. Ele chegou ao Planalto como solução constitucional para a autocombustão que consumiu o mandato de Dilma Rousseff. Virou um problema ao cercar-se de amigos tóxicos e subordinar sua administração à vulgaridade. Temer se absteve de perceber que o jogo político no Brasil mudou de fase.

Nesta sexta-feira, o presidente mandou sua assessoria divulgar uma nota. Nela, admitiu novamente ter pedido dinheiro à Odebrecht em 2014. Mas reiterou que “não autorizou, nem solicitou que nada fosse feito sem amparo nas regras da Lei Eleitoral.” Contabilizou o repasse da construtora ao PMDB em R$ 11,3 milhões. “Tudo declarado na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral”, enfatizou a nota. “É essa a única e exclusiva participação do presidente no episódio.”

O “episódio” que o texto do Planalto preferiu não esmiuçar envolve a Odebrecht, uma dezena de milhões reais e os dois maiores amigos do presidente da República: o ex-assessor da Presidência José Yunes e o chefe da Casa Civil Eliseu Padilha. O fato comporta pelo menos quatro versões: a de Temer, a de Yunes, a de Padilha e a versão verdadeira.

Nesse contexto, a manifestação divulgada pela assessoria presidencial apenas empurrou Temer para dentro de um Brasil alternativo. Um país fictício em que nada de reprovável aconteceu. Para que a nota oficial ficasse em pé, todos os brasileiros adultos teriam de aceitar a tese segundo a qual Temer não tem nada a explicar e que a crise que acaba de cair no seu colo está encerrada.

Nesta ficção que nenhum novelista assinaria para não passar por improvável, os brasileiros teriam de se fingir de bobos e ignorar o seguinte roteiro: o amigão Yunes recebeu em seu escritório envelope das mãos do doleiro Lúcio Funaro, um portador que o amissíssimo Padilha jura que nem conhece. No envelope que Yunes assegura ter recebido a pedido de Padilha, podia haver qualquer coisa, menos os milhões em verbas sujas que Temer renega, mas que os delatores da Odebrecht sustentam ter providenciado a seu pedido.

São tantas as confusões em que se mete o governo de Michel Temer que as coisas vão assumindo proporções inaceitáveis. Embaraços vão se transformando em hábitos. Descalabros vão virando parâmetro. De repente, nada precisa ser muito explicado. Dá-se de barato que os brasileiros se fingirão de mortos pelo bem da República.

Em nome da continuidade das reformas, ninguém perguntará: Onde Temer está com a cabeça que ainda não rompeu com Yunes, o amigo da onça? Pela estabilidade do condomínio partidário que dá suporte congressual ao governo, ninguém questionará: Afinal, Temer ainda não demitiu Padilha por que não quer ou por que não pode?

Costuma-se dizer que o brasileiro não tem memória. Michel Temer parece acreditar que os patrícios não têm mesmo é muita curiosidade.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Cresça, valorize-se

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A melhor maneira de aumentar seu valor é dedicar-se ao seu próprio crescimento. Em relação as ideias, comporte-se como uma esponja. Reserve um tempo para refletir profundamente sobre o que você faz e por que faz. È muito comum vivermos no piloto automático, incapazes de destinguir entre atividades e realização.

Quanto mais crescemos como pessoas, mais temos que partilhar com os outros. Pense no desenvolvimento pessoal como a argila que usamos para moldar nossa reinvenção. Quanto mais argila tivermos, maior e mais detalhada será a escultura que poderemos criar. Quanto mais aprendermos - não falo conhecimento abstrato, mas de instrução de ordem pratica, mais matéria-prima teremos para modelar nossa obra de arte pessoal.

Nossa estatura aumenta na mesma proporção que nossas capacidades mentais, espirituais e físicas se ampliam. Á medida que formos crescendo, estabeleceremos novas conecções com pessoas e ideias que nos transformarão em mestres na arte de adquirir mais valor pessoal.

Mark Sanborn

Nas “Páginas Amarelas” da VEJA desta semana – Roberto Jefferson: “Lula quer ser preso”

Algoz do PT no escândalo do mensalão, o ex-deputado federal Roberto Jefferson diz que operação Lava-Jato tem que tomar cuidado para não transformar ex-presidente em vítima
Por Luisa Bustamante e Thiago Prado 
Depois de uma temporada preso e uma luta feroz contra um câncer no pâncreas, o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) prepara o retorno à cena política. Decidiu disputar uma vaga na Câmara dos Deputados no ano que vem - resta saber se pelo Rio de Janeiro, seu estado de origem, ou São Paulo. Condenado por corrupção no mensalão, ele aguarda apenas a decisão da sua filha, a deputada Cristiane Brasil, que estuda se candidatar ao Palácio Guanabara. Aos 63 anos, Jefferson recebeu VEJA para uma conversa em seu escritório no Rio: opinou sobre a operação Lava-Jato, desafiou Lula a ser candidato em 2018 e admitiu que o bloco do Centrão usou métodos ilegais para derrubar o PT do poder.

Depois de cumprir pena por corrupção e lavagem de dinheiro, o senhor anunciou que pretende voltar a se candidatar em 2018. Por que? Estou dentro da faixa etária que não deve se aposentar segundo a reforma da previdência. Falando sério, acho cedo para me recolher em casa, tenho muito a dar ainda. Minha carreira foi abruptamente interrompida no passado. Já tive a sentença do Joaquim Barbosa no processo do mensalão. Agora quero saber a avaliação do povo. Esta sim, soberana, muito acima da dele.

Acha que Lula também tentará voltar a disputar eleições? Torço para que tente de novo o Planalto. Esta sim será a grande sentença moral que ele irá receber: a derrota nas urnas. Vai valer muito mais do que um mandado de prisão expedido pelo Moro. Contra uma decisão judicial, Lula poderá sempre dizer que é vítima. A cara de pau para inventar discursos é imensa. Já ouvi recentemente que o Moro estava trabalhando para a CIA e que a Dona Marisa foi assassinada.

Não considera que ele pode ser preso antes da campanha? No fundo, é o que ele quer. Lula deseja ser preso para poder ter o discurso de que foi perseguido pela caneta togada do Moro. Ao contrário de 2005, no auge do mensalão, desta vez acho certa a tese do FHC. É importante deixá-lo sangrar até a eleição. Se Lula for preso, vai ter romaria com bandeira de foice e martelo todo dia na porta da penitenciária em Curitiba.

Na época do mensalão, o senhor dizia que Lula era inocente... É verdade. Na CPI, falei: “Sai daí Zé, antes que faça culpado um homem inocente”. Hoje é diferente, são muitas as evidências: apartamento no Guarujá, sítio em Atibaia e o enriquecimento dos filhos. Mesmo assim, o Moro precisa ser inteligente e não prendê-lo. Lula precisa ouvir um basta da sociedade.

O que o senhor vai dizer para o eleitor quando for cobrado pelo envolvimento no mensalão? Vou perguntar se as pessoas acharam justa a sentença. Também quero saber se consideram que tive alguma importância na transformação que está ocorrendo no país. Fiz uma luta solitária no momento mais forte do PT no poder.

Então considerou injusta a sua condenação pedida pelo ex-ministro Joaquim Barbosa no processo do mensalão? Sim, ele exagerou. Uma coisa é o delito eleitoral, que eu sabia que tinha cometido. Outra é a corrupção. Encarei com serenidade aquela conduta histriônica do Joaquim Barbosa. Ele jogou para a plateia, só não esperava que anos depois apareceria o Sérgio Moro. Sem televisão ao vivo, um juiz de vara de primeira instância se tornou muito maior do que ele. Fico satisfeito de ver que o Joaquim Barbosa não passou para a história como o maior magistrado do país.

Essa tese de separar caixa dois e corrupção não é uma conversa conveniente para políticos apavorados com a delação da Odebrecht que vem por aí? Acho que tem que haver a separação do joio do trigo. Uma coisa é quem recebeu dinheiro por corrupção para facilitar negócio para empreiteira. Outra, o financiamento eleitoral. Não se pode chamar caixa dois de corrupção.

Mas essa não é uma linha muito tênue? Não. Caixa dois houve no Brasil o tempo todo, as empresas não participavam de campanha de outra forma. Elas sempre queriam dar 10% por dentro e 90%, por fora. Ninguém queria ficar exposto e aparecer em prestações de contas bancando um candidato que depois poderia perder a eleição.

Foi este o seu caso? Sim. Recebi 4 milhões de reais em caixa dois na eleição de 2004 em um grande acordo com o PT. Tudo entregue na sede do PTB pelo Marcos Valério em malas de dinheiro. Comprometi-me a não lançar candidato no Rio de Janeiro e São Paulo. Agora isso virar corrupção ativa?

E não é? Não. Corrupção é quando existe algum ato do executivo envolvido. Quando um agente público faz ou deixa de fazer algo na administração que lesa a sociedade. Eu não tinha como saber naquela época de onde o dinheiro vinha.

O eleitor está do seu lado nesta tese? Claro. Do taxista à caixa do supermercado, todos me cumprimentam hoje em dia. Recentemente, fui almoçar com a minha mulher em um restaurante em Copacabana e fui aplaudido de pé. Muitos dizem: “Obrigado por derrubar o José Dirceu, senão teríamos virado uma Venezuela”.

Até onde vai a operação Lava-Jato? Para o bem dela, acho que está na hora de parar de inventar. É hora de fechar o pacote, senão vira uma guerra napoleônica. Chega de aceitar novas delações. O país tem que andar para frente.“É hora da Lava-Jato parar de inventar. Senão vira uma guerra napoleônica”

Qual a diferença entre a Lava-Jato e o mensalão? O mensalão era mais genérico e não tinha provas tão densas. Contas no exterior foram rastreadas com valores monstruosos. Ajudou também o fato de um monte de madame usar cartão de crédito para comprar roupa de grife.

A Lava-Jato desvendou um esquema de recursos montado por PT e PMDB. Não é contraditório você e seu partido baterem apenas nos petistas? Não. O governo Temer não está envolvido na Lava-Jato. Por enquanto só há fumaça contra os integrantes do governo, mas não há fogo.

Temer não está tentando proteger seu governo com a indicação de Alexandre de Moraes para o Supremo? Não há blindagem neste tipo de escolha. Por exemplo: quando o Lula nomeou o Joaquim Barbosa naquela cota para negros que ele criou no Supremo, jamais se imaginou que ele condenaria petistas. Os ministros Luiz Fux e Dias Toffoli também agiram com independência mesmo depois de indicados pelo PT. Tenho certeza que Alexandre de Moraes seguirá pelo mesmo caminho. Ele é um profissional extremamente qualificado. Não tentará agradecer a indicação dando canetadas contra evidências em processos.
Roberto Jefferson canta 'O que tinha que ser', de Tom Jobim. O hobbie se tornou uma terapia

O seu partido, o PTB, participa do Centrão desde os tempos de Eduardo Cunha. Vocês continuarão no grupo? Não, chegou a hora de passar uma borracha nisso. Aquilo foi um grupo montado para derrubar a Dilma Rousseff usando os métodos de guerrilha das FARCs: vendendo entorpecente, sequestrando e extorquindo. O mesmo jogo que o PT sempre praticou.

E por que a maioria do sistema político se aliou a estas FARCs durante o impeachment?
Porque eles eram um mal menor ao país. O mal maior era o PT continuar no comando do Palácio do Planalto. Usaram instrumentos legais e ilegais? Sim, usaram. Mas chegou a hora de celebrar a paz como na Colômbia. Tem que desarmar todo mundo.

Qual o candidato favorito a vencer a eleição presidencial de 2018? Geraldo Alckmin. Faz um governo muito sério em São Paulo e emplacou o João Dória no primeiro turno.

Mas como fica o Aécio, atual presidente do PSDB? Este é um grande amigo. No período em que estive preso, sempre me enviou uma palavra de solidariedade através da minha filha. O problema é que ele perdeu as duas últimas eleições em Minas Gerais.

E o Serra, que agora deixou o governo? É um grande pensador, mas se afastou da gestão diária de um orçamento. O grande executivo tucano é o Geraldo.

Marina Silva tem chance em 2018? Não acho. O partido da Marina é um puxadinho do PT. Ela faz aquela pose de Madre Teresa de Calcutá, mas foi ministra desse governo petista que não teve ética alguma. Também não ficou sabendo de nada?“O Centrão atuou como as FARcs para derrubar a Dilma Rousseff. Extorquindo, sequestrando, o mesmo jogo que o PT sempre praticou”

E a febre Bolsonaro? Este terá um grande desempenho. Pode chegar a mais de 20% dos votos. Sozinho e em um partido nanico, está fazendo um marketing impressionante na internet. É uma espécie de Trump brasileiro, representando a antítese da nova ordem mundial globalizante. Vai dar trabalho.

No Twitter, o senhor tem se caracterizado por algumas posições semelhantes as do Bolsonaro. Depois de um período aliado ao PT, é neste espectro político que o senhor se sente mais à vontade? Nunca fui de esquerda. Perdi por 32 a 1 na executiva nacional do PTB a votação que tratava desta aliança. Estava claro que não dava para misturar água com azeite. Foi um grave equívoco apoiar o governo Lula em 2003. O PT fez um projeto de poder populista. Queriam se perpetuar no poder de qualquer jeito.

O PT acabou? De jeito nenhum e nem desejo isso. O PT tem um papel importante. São melhores na oposição do que governando.

O que dizer sobre a descoberta de que Sérgio Cabral mantinha contas no exterior com saldo de 100 milhões de dólares? Nunca imaginei um esquema tão grande. Sinto muito pelo pai e pelos filhos dele. O que pesou para Cabral foi a sua falta de liturgia no exercício de um cargo público. Expôs-se demais em festas. Colocou guardanapo na cabeça para dançar em restaurantes. Isso demoliu o patrimônio moral dele.

Depois do seu período no cárcere, que tipo de conselho o senhor daria para o presidiário Cabral? Ele tem que se reaproximar de Deus. É importante se reconciliar com valores religiosos e morais para que possa pacificar o seu coração. Cabral precisa admitir seus erros e pedir perdão para Deus e toda a sociedade. E vai ter que se preparar psicologicamente: pelo caminho que as coisas vão, a sentença judicial será muito dura contra ele.

O que mais chamou a sua atenção na cadeia? Vi muitas coisas lá dentro. Eu que sou católico, aprendi a respeitar o trabalho feito pela igreja Universal. Também vi o PSOL trabalhando a favor de marginais sempre com o discurso safado de que a culpa de existir um estuprador ou homicida é da sociedade.

O que o senhor fazia para passar o tempo? Lia livros e assistia TV. Vi o Brasil perder de 7 a 1 para a Alemanha na cela. Certa vez, acharam que eu ia me matar com extensores, mas estava apenas me preparando para malhar. O banho frio, o boi (buraco no chão que serve como vaso), nada disso me afetou. O mais difícil mesmo foi ficar isolado do mundo e longe da família por longos 14 meses.

Colocar PMDB na Justiça é crime de lesa-lógica - Por Josias de Souza, Pedro Ladeira/Folha

Depois de emplacar o tucano Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal, Michel Temer decidiu acomodar na poltrona de ministro da Justiça o deputado federal paranaense Osmar Serraglio, do PMDB. 

Operadores políticos do presidente afirmam que Serraglio tem boa imagem. Ainda que fosse Madre Teresa de Calcutá, a filiação ao PMDB desaconselharia a nomeação.

Entregar a um peemedebista o comando da pasta que carrega a Polícia Federal no seu organograma é um crime de lesa-lógica.

O nome de Serraglio ganha as manchetes no mesmo dia em que a Lava Jato deflagrou operação contra operadores financeiros do assalto à Petrobras. Atribui-se aos encrencados o desvio de pelo menos US$ 40 milhões. Entre os beneficiários das propinas, acusam a PF e a Procuradoria, estão senadores do PMDB, o partido de Temer e do novo ministro da Justiça.

Michel Temer parece mesmo decidido a testar a disposição dos brasileiros de acreditar em tudo o que parece inacreditável. Serraglio ganhou fama nacional nos anos de 2005 e 2006, quando dignificou o seu mandato como relator da CPI dos Correios, que mapeou o mensalão petista.

O deputado comprometeu sua reputação ao se achegar à infataria que tramou salvar Eduardo Cunha da cassação.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Vice-presidente da Câmara anuncia rompimento com governo - Por Igor Gadelha, O Estadão.


Fábio Ramalho toma decisão após mineiro ser preterido por Osmar Serraglio para chefiar o Ministério da Justiça.

Primeiro vice-presidente da Câmara e coordenador da bancada de Minas Gerais na Casa, o deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG) anunciou nesta quinta-feira, 23, rompimento pessoal com o governo Michel Temer. O anúncio foi uma reação à indicação do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) para o comando do Ministério da Justiça, cargo que era cobiçado pela bancada mineira.

O deputado Fábio Ramalho em sessão na Câmara : “Estou rompendo com o governo e vou colocar toda a bancada de Minas para romper também. Se Minas Gerais não tem ninguém capacitado para ser ministro, não devemos apoiar esse governo. Vou trabalhar no plenário contra o governo, para derrotar o governo em tudo. A vice-presidência da Câmara vai ser um ponto de apoio aos que não estão contentes” afirmou Ramalho em entrevista ao Broadcast Político, serviço de notícia em tempo real do Grupo Estado.

Ramalho defendia o nome de um mineiro para substituir Alexandre de Moraes no Ministério da Justiça. “Minas não aceita mais ficar sem ministério. Minas quer participar do governo. Temos a segunda maior economia do Brasil, a segunda maior população; Fomos a bancada que deu mais votos para o impeachment (da ex-presidente Dilma Rousseff)”, cobrou em entrevista à imprensa no início de fevereiro.

O nome defendido pela bancada mineira - a segunda maior da Câmara, com 53 deputados - para a Justiça era o do deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG). O peemedebista, porém, perdeu força para ocupar o cargo, após virem à tona críticas feitas por ele ao poder de investigação do Ministério Público. Em 2013, Pacheco se posicionou contra o poder de investigação do MP, quando a Câmara discutia PEC sobre o tema. 

Após protestos públicos, a proposta foi engavetada. O rompimento de Ramalho, se levado a cabo, pode trazer complicações para o presidente Michel Temer. Como o Brasil está sem vice-presidente da República, o 1.º vice-presidente da Câmara assumirá o comando da Casa sempre que Temer viajar e o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assumir a Presidência do País. Como presidente da Casa, caberá a Ramalho definir a pauta de votações.

Ramalho já deu o tom de como trabalhará contra o governo Temer na Câmara. “Essa reforma da Previdência é uma vergonha. Vamos votar contra. Queremos uma reforma justa, que seja construída pelo Parlamento, e não que venha do Palácio do Planalto”, disse Ramalho, que foi eleito 1.º vice-presidente da Casa de forma avulsa, contra o candidato oficial da bancada.

Lei que diminui território do município de Juazeiro gera polêmica - Por Daniel Walker

Vou falar sobre essa polêmica da diminuição do território do município de Juazeiro. Mas antes quero fazer alguns questionamentos pertinentes à questão para em seguida fazer meu juízo de valor.
1.A lei é de 29 de dezembro de 2016.
2.Juazeiro faz limite com os municípios de Crato, Barbalha, Missão Velha e Caririaçu,e é o menor deles, com apenas 249 km2 (precisamente: 248,832 km2).

Feitos esses questionamentos, vou analisar cada um.
1. Por que a lei foi aprovada em 29 de dezembro de 2016 e somente agora a bomba explodiu? Onde estavam os nossos representantes (se é que os temos) que não colocaram a boca no trombone logo no nascedouro da questão? Em nota a Procuradoria do Município de Juazeiro esclareceu que “Esse tipo de alteração é criteriosa, e necessita de consulta pública à população, por meio de plebiscito, além de alguns critérios estabelecidos na própria Constituição Federal, como também na Constituição Estadual, para que seja aprovado, porém isso não aconteceu”. Se isso é verdade, os deputados que a aprovaram agiram de má-fé?

2. Se Juazeiro é um dos menores municípios do Ceará tem sentido diminuí-lo mais ainda? É muita maldade!

A Lei aprovada subtrai de Juazeiro terras altamente produtivas e geradoras de divisas, e isso não pode ser aceito em hipótese alguma, pois Juazeiro não está tão rico assim a ponto de ceder divisas para qualquer que seja o município. 

E depois, onde já se viu: tirar terra de um município pequeno para dar a municípios maiores? E ceder justamente terras valiosas! Essa história está realmente mal contada. Pelo visto, parece que tem caroço nesse angu. E isso precisa ser investigado rigorosamente.

Padre Cícero sempre disse que Juazeiro era uma cidade invejada e perseguida, isso porque aqui existem coisas que não existem em nenhum lugar do mundo.

Fiquemos todos tranquilos, pois nenhuma lei será capaz de diminuir o tamanho de Juazeiro. Mas fiquemos atentos, atentos também. Que a lei seja revogada, já!

Afinal, lá no Horto, o Padre está vivo! O Padre não está morto!

O PT na mão de Temer - Por o Antagonista.


Michel Temer vai indicar dois ministros para o TSE.

Eles assumem a vaga dos petistas Henrique Neves, cujo mandato vence em 16 de abril, e Luciana Lóssio, que se despede do TSE em 5 de maio.

Depois que os depoimentos da Odebrecht forem anexados ao processo contra a campanha de Dilma Rousseff, o PT vai ficar na mão de Michel Temer.

Dependendo de quem for escolhido para o TSE, o partido que se elegeu com dinheiro roubado da Petrobras poderá ter seu registro cassado.

O mais provável, porém, é que Michel Temer use esse fato para domesticar o PT.

Jucá e Moreira lavam a roupa suja a céu aberto - Por Josias de Souza.



O senador Romero Jucá e o ministro Moreira Franco, dois dos principais operadores políticos de Michel Temer, decidiram lavar a roupa suja do PMDB em público. Numa entrevista, Moreira insinuou que o ativismo anti-Lava Jato de Jucá não traduz as opiniões do governo. E Jucá divulgou uma nota oficial para informar que Moreira também não é a pessoa mais indicada para falar sobre a estratégia do PMDB na votação da reforma da Previdência.

Moreira falou ao jornal Valor. Perguntaram-lhe: “O líder do governo no Congresso e também presidente do PMDB, Romero Jucá, fala em ‘estancar a sangria’ e comparou a Lava Jato à Inquisição. Afinal, ele fala pelo governo?” O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência respondeu em timbre enfático:

“Não, não fala. Ele disse que não falava pelo governo. Quando soubemos, nós ficamos surpresos porque não havia sido feita consulta. Nem eu estou dedando ninguém porque ele próprio disse que não falava em nome do governo. E disse mais hoje, que o mandato é dele, os eleitores são dele e ele, portanto, toma a iniciativa.”

Na mesma conversa em que tomou distância de Jucá, Moreira informou que o PMDB não adotará o mecanismo do fechamento de questão na votação da reforma da Previdência. “Não é da nossa cultura”, disse o ministro, referindo-se à ferramenta que permite ao partido punir congressistas que votarem contra a reforma. “Nós não vamos nos transformar num partido leninista.”

Jucá apressou-se em desmentir o correligionário: “Ao contrário, o partido tem discutido com a bancada federal da Câmara dos Deputados a possibilidade de fechamento de questão” na votação da reforma previdenciária. Realçou que o partido já recorreu ao fechamento de questão “na votação da PEC que limita os gastos públicos.”



Irônico, Jucá anotou que “Moreira Franco, um quadro excepcional do PMDB e do governo, ao se manifestar apenas emite uma posição pessoal, que será levada em conta no debate.” E insinuou que o ministro fala fora de hora: “A estratégia de votação da reforma da Previdência, que é de vital importância para o país, será discutida no momento adequado dentro do PMDB e com os partidos aliados.”

Investigado no Supremo Tribubal Federal, Jucá absteve-se de mencionar no seu texto os comentários de Moreira, delatado por executivo da Odebrecht, sobre suas posições em relação à Lava Jato. Nos últimos dias, o senador fez uma analogia entre o foro privilegiado e a “suruba”. E comparou o trabalho da imprensa ao nazismo, ao fascismo, à Inquisição e à Revolução Francesa.

Moreira deu a entender algumas opiniões do líder do governo são incômodas: “Não é fácil. Não é fácil um líder falar uma coisa, ter a reação que teve, ser líder do governo e dizer que não era líder do governo quando falou aquilo. Não é fácil. Me desculpa, mas não é fácil. É difícil.”

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

O cerco vai se fechando: Mais delatores da Odebrecht envolvem chapa Dilma-Temer, diz Procurador Geral da República

Rodrigo Janot informou ao TSE que três delatores da Odebrecht prestaram informações que podem ser úteis no processo de cassação da chapa Dilma-Temer
Fonte: Site VEJA – por Laryssa Borges
Às vésperas de os acordos de delação premiada de executivos da Odebrecht se tornarem públicos, três ex-executivos do conglomerado foram apontados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como peças que podem deixar ainda mais clara a atuação da chapa formada por Dilma Rousseff e Michel Temer em irregularidades nas eleições de 2014. Em ofício encaminhado ao ministro Herman Benjamin, relator do processo que pode levar à cassação de Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Janot aponta que as delações do ex-diretor de Relações Institucionais Alexandrino Alencar, amigo do ex-presidente Lula, do ex-presidente da Odebrecht Benedicto Barbosa da Silva Junior, responsável pela ponte entre a empreiteira e políticos, e de Fernando Reis, ex-presidente da Odebrecht Ambiental, tratam de episódios investigados pela Justiça Eleitoral no processo em que Dilma e Temer respondem por abuso de poder político e econômico.

Por ora, o ministro Herman determinou que sejam ouvidos o herdeiro do grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, o ex-diretor de Relações Institucionais Claudio Melo Filho e o próprio Alexandrino. Os três vão prestar depoimento, na condição de testemunhas, no dia 1º de março, Quarta-feira de Cinzas, em Curitiba. Pelo fato de as delações deles ainda permanecerem em sigilo, as oitivas serão colhidas a portas fechadas e permanecerão sob o selo de confidenciais. Herman Benjamin não arrolou como testemunhas nem Benedicto nem Fernando.

Benedicto Barbosa da Silva Junior, conhecido como BJ, e Fernando Reis faziam parte do Setor de Operações Estruturadas, nome pomposo para o departamento de propinas da Odebrecht. Segundo os investigadores, há indícios de que BJ era o elo entre a empresa e o mundo político, o homem a ser “acionado” quando houvesse necessidade de intermediação de autoridades públicas. “É possível verificar que Benedicto é pessoa acionada por Marcelo para tratar de assuntos referentes ao meio político, inclusive a obtenção de apoio financeiro”, diz inquérito da Polícia Federal assinado pelo delegado Filipe Hille Pace.

“No curso das investigações relacionadas ao Grupo Odebrecht, foi possível identificar outros executivos que se encontravam proximamente vinculados ao presidente Marcelo Bahia Odebrecht, e sob os quais pairam indícios de que tenham ativamente participado da organização criminosa formada no âmbito daquele conglomerado empresarial para a prática de ilícitos penais. Um deles é Benedicto Barbosa da Silva Junior”, afirmou o Ministério Público ao pedir a prisão do executivo. Ele foi detido no ano passado e depois liberado após expirar o prazo de sua prisão temporária. Fernando Reis foi alvo de mandado de condução na fase batizada de Xepa, na Lava-Jato, em março do ano passado.

As investigações da 26ª fase da Lava Jato, batizada de Operação Xepa, escancaram o organizado sistema de pagamento de propina instalado na Odebrecht. “Era uma estrutura profissional de pagamento de propina dentro da Odebrecht e que não se limita a casos esporádicos. Eram pagamentos sistemáticos”, resumiu, na deflagração da fase ostensiva da operação, a procuradora Laura Gonçalves Tessler. Além de propinas em empreendimentos ligados à Petrobras, há indícios de pagamento de propina pela Odebrecht também nas áreas de óleo e gás, ambiental, infraestrutura e em estádios de futebol, por exemplo.

STF tira de Sergio Moro delação contra Sarney - Por Josias de Souza

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, sofreu nesta terça-feira sua primeira derrota como relator da Lava Jato. Por 4 votos a 1, a Segunda Turma do Supremo decidiu que o juiz Sergio Moro não poderá usar a delação de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, para investigar José Sarney. Por essa decisão, embora não disponha mais de mandato parlamentar, Sarney será processado em inquérito já aberto no Supremo, junto com os senadores Renan Calheiros e Romero Jucá, ambos detentores de foro privilegiado.

Antecessor de Fachin na relatoria da Lava Jato, o ministro Teori Zavascki, morto em acidente aéreo, havia compartilhado parte das informações sobre Sarney com o juiz da Lava Jato. A delação de Sérgio Machado fora subdividida em quatro blocos. Um deles resultara na abertura do inquérito contra os três pajés do PMDB no Supremo. Outros três desceram para Curitiba, por ordem de Teori. Sérgio Moro anexara os dados a um inquérito aberto na 13ª Vara Federal de Curitiba.

Na sua delação, Sérgio Machado dissera, por exemplo, que Sarney recebera R$ 18,5 milhões em propinas provenientes da Transpetro. Desse valor, R$ 16 milhões foram repassados em dinheiro vivo, acusara o delator. Os advogados de Sarney protocolaram no Supremo um recurso contra o envio de dados para Curitiba. Alegaram que Sarney não poderia ser investigado em duas jurisdições. E sustentaram que as acusações contra o ex-senador têm conexão com as imputações feitas contra Renan e Jucá.

Na sessão desta terça-feira, o ministro Fachin votou pelo indeferimento do recurso. Ele queria manter a decisão tomada no ano passado por Teori. Entretanto, os outros quatro integrantes da Segunda Turma votaram em sentido oposto. Deram razão aos advogados de Sarney os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello.

Um dos advogados de Sarney, Antonio Carlos de Almeida Castro, celebrou a decisão. “Como temos absoluta certeza de que a delação do Sérgio Machado é falsa, oportunista e falaciosa , será fácil demonstrar neste inquérito que o único crime foi cometido pelo delator, com a gravação criminosa, ilegal e imoral”, afirmou, referindo-se ao autogrampo usado pelo ex-presidente da Transpetro para gravar Sarney, Renan e Jucá.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Indagações que Moraes merece escutar embaraçam mais que qualquer resposta - Por Josias de Souza.

O que assusta na marcha da política rumo à desfaçatez é a sua crueza. Nesta terça-feira, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado realiza uma suposta sabatina com Alexandre de Moraes. Trata-se de um encontro aviltante, constrangedor e desnecessário.

É aviltante porque a bancada de interrogadores inclui senadores que merecem interrogatório. É constrangedor porque as perguntas que o interrogado merece escutar são mais embaraçosas do que as respostas que ele não terá condições de dar. É desnecessário porque o jogo já está jogado.

Nesse tipo de sessão, o cinismo é o mais próximo que os participantes chegam das suas melhores virtudes. Todos sabem que o indicado de Michel Temer à vaga do Supremo Tribunal Federal será aprovado. Mas o sucesso da pantomima está justamente na compenetração com que os atores exibem suas virtudes fingidas.

Moraes sustentou numa tese de mestrado que não se deve indicar para o Supremo um sujeito que ocupou cargo de confiança sob o presidente que assina a indicação. Do contrário, o beneficiário pode ser compelido a injetar demonstrações de “gratidão política” nas suas futuras sentenças.

Alguém poderia perguntar durante a sabatina: como confiar num magistrado que, tomado por seus autocritérios, agradecerá com a toga? Ou ainda: tendo saído de um governo apinhado de investigados, não acha o cúmulo do despudor assumir o posto de ministro-revisor da Lava Jato no plenário do Supremo?

Num de seus livros, Moraes sustentou que o princípio da presunção da inocência não invalida “as prisões temporárias, preventivas, por pronúncia e por sentenças condenatórias sem trânsito em julgado.” Quer dizer: apoia  a tese de que os condenados em segunda instância devem aguardar pelo julgamento de eventuais recursos atrás das grades.

Caberia a indagação: neste caso, vale o que foi dito ou vai rasgar novamente o que escreveu para desfazer a maioria frágil de 6 a 5 que levou o Supremo a abrir as portas do xilindró para os condenados em duas instâncias? Ou, por outra: combaterá a impunidade ou estancará a sangria?

Além de ser ministro licenciado do governo Temer, Moraes já foi advogado de Eduardo Cunha e secretário de Segurança de Geraldo Alckmin. Até outro dia, era filiado ao partido presidido por Aécio Neves. Alguém deveria indagar: deparando-se com um processo que traga na capa o nome de tais personagens terá a honestidade intelectual de se declarar impedido de julgar?

No esforço que empreendeu para seduzir os senadores que o alçarão à poltrona do Supremo, Moraes confraternizou gostosamente com suspeitos. Chegou mesmo a se submeter a uma sabatina informal, sobre as águas do Lago Paranoá, numa chalana chamada Champagne. A bordo, senadores investigados e até um condenado.

Moraes finge não notar que, mesmo quando alguém consegue extrair benefícios de um encontro com gambás, sairá da conversa cheirando mal. Quem entra numa roda de suspeitos, arrisca-se a ser confundido com eles. Ingenuidade ou estilo? Que tipo de gente vai virar a maçaneta da porta do gabinete de um ministro do Supremo que valoriza tão pouco o recato?

São mesmo constrangedoras as perguntas que Alexandre de Moraes mereceria ouvir se a marcha da política rumo à desfaçatez não tivesse transformado a sabatina de um candidato a ministro da Suprema Corte do país numa aviltante, constrangedora e desnecessária barbada.