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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 16 de abril de 2017

Semana Santa - Por Lucidio Leitão.

Tava aqui recordando das minhas sextas-feira Santas "LÁ IN NÓIS". No meu Piaui. Quanto tempo!
Normalmente o inverno já tava pegado como o que estamos vivendo neste momento aqui no Ceará. Já seria tempo de fartura. Fartura de tudo. De religiosidade. De cultura tanto de hábitos, quanto de culinária.
Feijão verde, milho, queijo de manteiga, cuscuz com o milho moído na fazenda, coalhada, dentre outros.
Tempo de petas, bolos salgados, tudo feito no forno e fogão a lenha.
Tempo de pescarias. De curimatã ovada. Respeite o caldo!
Tempo também de proibições: não se podia beber, caçar, pegar em dinheiro, tomar banho, cortar as unhas, pentear os cabelos, nem varrer a casa e lavar a louça.
Não se tirava o leite das vacas. Saia sangue. As vacas já teriam que ser deleitadas na quinta à tarde. Procedimento excepcional.
Recordo-me dos desjejuns que íamos deixar nas casas a mando dos meus Pais e na volta sempre trazíamos algo na bacia. Era uma reciprocidade pela deferência praticada.
Só se comia peixe, ovos, quibebe de feijão com muitas verduras e legumes, canjica, pamonha, milho cozido/assado e bolos. Rolava também um macarrão com sardinhas. Adorava!
Eu gostava mesmo era da farra de comidas(risos), embora tivéssemos que jejuar, mesmo sem saber o que era e nem prá quê.
Sim! Também ninguém podia brigar, dizer palavrões e tomar banho só depois da meia-noite.
O período guardava ainda jogos e superstições que lembravam as festas juninas.
A criançada, formada na maioria pelos primos, brincava de cancão, queimada, pedrinhas, pula corda, esconder e por aí ia. Uma beleza! Quase umas férias.
Como superstição as meninas pingavam vela na água de uma bacia prá ver se aparecia a letra do pretenso namorado.
No sábado, sábado GORDO, se matava um leitão ou carneiro e umas galinhas do terreiro. Família numerosa. Só lá em casa são seis irmãos.
Aí se tinha o torresmo, a costela assada na brasa, espinhaço de carneiro cozido, buchada, galinha à cabidela .......... era bom demais.
Tinha ainda o roubo das galinhas na vizinhança e a queima do Juda.
Fui criado assim. Com angu e tabefe.
E na sexta-feira Santa lembro que é bom espirrar. Traz vida longa e prosperidade. Lá diziam!
É isso!
E por fim, que em nós sejam RESSUSCITADOS os bons valores da vida postos pelo Senhor.
Amém!

Um comentário:

  1. A semana santa do Lucídio era igual a de todos nós. Boa parte hoje resume-se a saudade. Os costumes são outros. As coisas simples e sublimes foram trocadas por outras, as vezes, sem o sentimento cristão que nos personificou em nossa infância.

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