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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 22 de julho de 2017

Coisas da República: "A saída de sempre: aumento de impostos"

Editorial do jornal O POVO, 22-07-2017.

A elevação tributária é a medida à qual os governos sempre recorrem ao primeiro aperto

É difícil apresentar uma proposta mais antipática do que o aumento de impostos. Mas é justamente isso que o governo de Michel Temer, que não prima pela popularidade, vai fazer, como anunciou o seu ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. O aumento se dará nos tributos que incidem sobre os combustíveis, o que provocará reflexo em todos os segmentos da economia. A medida tem o objetivo de garantir o cumprimento da meta fiscal.

O Palácio do Planalto tinha à frente duas opções: revisar a meta ou aumentar impostos. Como o governo temia que a revisão da meta pudesse sugerir fraqueza frente a crise política, resolveu pelo aumento de impostos, depois de fracassar as tentativas de criar um novos Refis (programa de regularização tributária) e de reonerar da folha de pagamento. Com o Refis, o governo abriria mão de uma parte das receitas para garantir a entrada de dinheiro; a reoneração teria o mesmo efeito, fazendo impostos, de alguns segmentos da economia, retornarem a seus patamares originais.

Se temia parecer fraco se revisasse a meta fiscal, será ainda precisoavaliar quais consequências políticas a elevação de impostos trará para o governo entre o empresariado. Todos os setores empresariais que estiveram a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff - Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) à frente -,rejeitavam o aumento de impostos e criticavam com veemência qualquer iniciativa nesse sentido. Quanto aos consumidores, o Planalto avalia que o impacto nos bolsos será pequeno, talvez dez centavos, o que não provocaria reações negativas. No entanto, a média dos aumentos está passando dos 40 centavos por litro de gasolina. E é preciso recordar que os protestos de 2013 começaram pelo aumento de 20 centavos nas passagens de ônibus.

É necessário lembrar ainda que o presidente Michel Temer sempre manifestou-se contra o aumento de impostos, mas deu o aval para a elevação tributária. A realidade dos fatos é que aumentar impostos é a medida à qual os governos sempre recorrem ao primeiro aperto, pois é a saída mais fácil - mesmo sendo a menos criativa - com o agravante de os prejudicados serem a economia e a população, que não tem como se defender.

Um comentário:

  1. É fácil manifestar-se contra uma coisa quando não precisa. Quando chega lá a pratica é a mesma. Todos só sabem gastar.

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