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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 13 de julho de 2017

Um petardo contra Lula -- por Bernardo de Mello Franco (*)


BRASÍLIA - Nunca antes neste país um presidente foi condenado por crime comum. A decisão do juiz Sergio Moro é um novo e poderoso petardo contra a imagem de Lula. A biografia do ex-operário que venceu a miséria e subiu a rampa do Planalto passa a incluir uma sentença a nove anos e meio de prisão.

A condenação amplia o desgaste do petista. Lula deixou o poder com 83% de aprovação. Hoje quase metade da população o rejeita. O ex-presidente ainda é o líder mais popular do Brasil, mas a aura de mito se desmancha. Ele colaborou com isso ao se aliar a setores atrasados da política e abraçar o velho padrão de relacionamento com as empreiteiras.

A sentença aumenta a incerteza sobre as eleições de 2018. Apesar do cerco judicial, o ex-presidente havia voltado a crescer nas pesquisas. Hoje ele lidera com folga todas as simulações, com 30% das intenções de voto. Se a condenação for confirmada em segunda instância, a lei da Ficha Limpa deve impedi-lo de concorrer.

O cenário sem Lula é desalentador para a esquerda. O PT não tem outro candidato viável, e Ciro Gomes enfrenta desconfiança pelo histórico de vaivém partidário. Marina Silva poderia ocupar o espaço vazio, mas seu apoio a Aécio Neves em 2014 tende a afastar os órfãos do lulismo.

À direita, João Doria e Jair Bolsonaro tentam tirar proveito político da condenação. Eles comemoraram a notícia nas redes, mas ainda serão cobrados pelo silêncio sobre aliados acusados de corrupção.

A Lula, resta esperar a Justiça e repetir que querem barrá-lo no tapetão. Seu discurso ganhou um reforço inesperado nesta quarta. No mesmo dia em que Moro o condenou, outro juiz tirou da cadeia Geddel Vieira Lima, um dos homens de Michel Temer apanhados pela Lava Jato.

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O presidente Temer é "correto", "decente" e "honesto". Palavras de Paulo Maluf na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.

(*) Bernardo de Mello Franco é Jornalista, assina a coluna Brasília, na "Folha de S.Paulo". Na "Folha de S.Paulo", foi correspondente em Londres e editor interino do 'Painel'. Escreve de terça a sexta e aos domingos.

2 comentários:

  1. Pra quem acha que não existem provas o triplex foi declarado na conta do imposto de renda do casal Lula/Marisa por 6 anos. E, muitos dizem que a próxima denuncia as provas são bem mais robustas. Vem por aí um Sitio em Atibaia.

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  2. Não foi somente o sistema Presidencialista que faliu. Faliu também a forma de governo republicana. Fracasso completo. Irreversível.
    O regime representativo brasileiro faliu, o presidencialismo de coalizão está esgotado e as instituições da República não estão à altura dos desafios do país de hoje, desafios que ficaram mais nítidos com a Operação Lava Jato. Claro que os políticos tentarão implantar nova “meia sola” para trazer inúteis ilusões à desiludida população brasileira.
    Considere-se, ainda, que o Brasil possui hoje a mais atrasada (merecidamente chamada de “troglodita”) esquerda da América Latina, esquerda mumificada que tenta ressuscitar a estatização já banida nas democracias que deram certo. A proliferação desmedida e irresponsável de partidos --36 é o número de hoje-- resultou ainda mais na desmoralização das siglas. Só “partidos comunistas”e afins temos 04 (quatro):PCB, PCdoB, PSTU e POR. Um recorde mundial!
    Jogando tudo isso no liquidificador deverá sair algo que vai dar para gerar novas ilusões para as eleições de 2018. Depois virá o esgotamento total. E o que surgirá depois disso só Deus sabe.

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