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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 13 de agosto de 2017

Esquerda interrompida Especialistas apontam o fracasso do projeto de governos socialistas hegemônicos no continente

Principais países da região, Brasil e Argentina sofrem com crise econômica  
Fonte: Estado de Minas
Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez, na Venezuela, em 2009: uma parceria polêmica (foto: Juan Barreto/AFP)

Brasília - Idealizado há 27 anos pelo Foro de São Paulo, o projeto de governos de esquerda para a América Latina deu errado. O PT, afundado na maior crise ética de sua história, deixou como herança uma recessão profunda da qual o Brasil ainda luta para se livrar. Na Argentina, o segundo principal país do continente, foi eleito um presidente alinhado ao setor produtivo - como uma maneira de se contrapor aos anos de kirchnerismo. E a Venezuela caminha para uma guerra civil e o recrudescimento de um regime ditatorial sob o comando do presidente Nicolás Maduro.

O Foro de São Paulo reunia partidos de esquerda e representantes de movimentos sociais, capitaneados pelo PT e pelo seu principal líder, Luiz Inácio Lula da Silva, que planejavam criar um discurso unificado contra o neoliberalismo e exportar, para o continente, um modelo de oposição ao status quo político reinante. Com a chegada de Lula ao Planalto, em 2003 - nesse ano, Hugo Chávez já havia sofrido tentativa de golpe na Venezuela -, houve uma onda de governos eleitos com viés socialista no continente, sendo os mais expressivos o casal Kirchner, na Argentina; Evo Morales, na Bolívia; Rafael Correa, no Equador; Tabaré Vasquez e Pepe Mujica, no Uruguai; Fernando Lugo, no Paraguai; e Michelle Bachelet, no Chile.

O segundo mais importante país, a Argentina vive assolada em crises econômicas. Ao longo dos governos do casal Kirchner - sobretudo na gestão de Cristina -, as métricas econômicas eram manipuladas, o que levou o Fundo Monetário Internacional a impor sanções ao país. “Essas medidas ultraprotecionistas, aliadas a uma base econômica reduzida, quebraram o país”, afirma a estrategista macroeconômica da XP Investimentos com base em Nova York, Daphne Wlasek.

CONFIANÇA

Nem mesmo o Chile, apontado como modelo, por causa da reforma da educação e da Previdência, escapa das dificuldades. A presidente Michelle Bachelet, eleita em 2013 após passar quatro anos na oposição, enfrenta os menores índices de popularidade da gestão. “As reformas implantadas e as políticas do governo atual minaram a confiança do empresariado. Houve outros fatores que levaram a economia chilena a crescer a mais ou menos 1,5% este ano, enquanto no período antes da crise e até mesmo antes de Bachelet assumir, a economia crescia a mais ou menos 4%”, diz o estrategista de macroeconomia da XP Alvaro Mollica.

Venezuela é o maior sintoma

 A crise na Venezuela talvez seja o sintoma mais agudo da derrocada do discurso socialista na região. Na sexta-feira, o presidente Nicolas Maduro encaminhou à Assembleia Nacional Constituinte, composta somente por representantes alinhados ao governo, uma proposta de prisão por até 25 anos para quem for às ruas incitar um discurso de ódio. Já são mais de 120 mortos nos confrontos dos manifestantes com a polícia. A radicalização no discurso é ainda mais perigosa porque o maior país do continente, os Estados Unidos, estão sendo governados por Donald Trump. E ele avisou, também na sexta, que poderá utilizar a força militar no país. “A Venezuela é um desastre muito perigoso”, disse Trump.

A relação do PT com a Venezuela vive um momento delicado. O ex-presidente Lula, que sempre foi considerado um espelho e o grande irmão pelos governantes bolivarianos da região, tem evitado expor opiniões muito contundentes sobre a crise venezuelana. Diferentemente da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, durante discurso no 23º Encontro do Foro de São Paulo, realizado em 17 de julho, em Manágua, capital da Nicarágua. “O PT manifesta seu apoio e solidariedade ao governo do PSUV, seus aliados e ao presidente Nicolás Maduro frente à violenta ofensiva da direita contra o governo da Venezuela e condenamos o recente ataque terrorista contra a Corte Suprema. Temos a expectativa de que a Assembleia Constituinte possa contribuir para uma consolidação cada vez maior da revolução bolivariana e que as divergências políticas se resolvam de forma pacífica”, disse Gleisi.

Um comentário:

  1. Os idiotas da Venezuela já estão colhendo os frutos do que semearam no terreno arenoso da corrupção do Hugo Chaves. Vivem num inferno vivos, enquanto o Chaves queima no inferno. Por milagre o Lula não conseguiu implantar o mesmo sistema no Brasil, embora o estrago seja de difícil recuperação. Lula vive um inferno vivo, merecidamente.

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