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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 26 de agosto de 2017

Juiz Bretas, o rabo, abanou Gilmar, o cachorro. - Por Josias de Souza.

A desforra veio mais cedo que se imaginava. Dias atrás, o ministro Gilmar Mendes abespinhou-se com o juiz Marcelo Bretas. Chamou de “atípico” o fato de o magistrado expedir nova ordem de prisão contra detentos que ele, com uma canetada suprema, mandara soltar horas antes. ''Em geral, é o cachorro que abana o rabo, não o rabo que abana o cachorro'', rosnou. Nesta sexta-feira, Bretas, o rabo, abanou acintosamente Gilmar, o cachorro.

Responsável pela Lava Jato no Rio de Janeiro, Bretas ordenou o reencarceramento de Rogério Onofre, também libertado por Gilmar. O magistrado agiu com método. O encrencado presidira o departamento que deveria fiscalizar empresas de ônibus. É acusado de receber R$ 44 milhões em propinas. Sua libertação fez saltar dos autos um áudio tóxico. Nele, a voz do preso que Gilmar devolveu ao meio-fio ameaça dois clepto-empresários que lhe deviam propinas: “Vocês não estão acreditando, rapaz, na sorte. Vocês ainda não morreram porque eu quero receber, mermão.”

Acionado pela Procuradoria, Bretas enviou o áudio para Gilmar. Alertou para a gravidade da encrenca. E indagou quais são os limites da sua ação como juiz de primenta instância. Bingo! Gilmar miou. Em despacho endereçado a Bretas, o ministro rendeu homenagens ao obvio ao reconhecer que a bola estava com a Vara do Rio, não com o Supremo. Até a madrugada deste sábado, Onofre era tratado como foragido. Não foi encontrado no domicílio onde Gilmar ordenara que ficasse. Seus advogados asseguravam que ele se entregaria.

No atual estágio, Gilmar frequenta a controvérsia em posição análoga à dos cachorros de antigamente. Eles gostavam de correr atrás de carros. Perseguiam os veículos por algum tempo. Passavam a impressão de que iriam trucidá-los. Mas logo desistiam. Por mal dos pecados, Gilmar não é de desistir. É como se o prolongamento dos latidos alimentassem a sua alma.

Um comentário:

  1. Bem feito. O Brasil será um eterno devedor desses jovens juízes. Tirar o Brasil das mãos de bandidos e seus protetores é a salvação da pátria.

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