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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 23 de outubro de 2017

O Príncipe que renunciou ao Trono Brasileiro (postado por Armando Lopes Rafael)

Príncipe Dom Pedro de Alcântara e a Princesa Dona Elisabeth de Orleans e Bragança com seus quatro filhos, foto feito em Petrópolis onde ele viveu seus últimos anos

 No mês de setembro último estive no artístico mausoléu onde estão sepultados o Imperador Dom Pedro II, a Imperatriz Teresa Cristina, a Princesa Isabel e o Conde D’Eu. O jazigo está localizado no lado direito da entrada da catedral de São Pedro de Alcântara, em Petrópolis.

   Vi, naquele respeitoso e histórico sepulcro, uma placa assinalando que ali também se encontravam os restos mortais do filho mais velho da Princesa Isabel, o Príncipe Dom Pedro de Alcântara, bem como os da esposa deste, a Baronesa Elisabeth Doberzenky von Dobrzenicz.

O filho primogênito da Princesa teria sido o nosso Dom Pedro III, não houvesse ocorrido o golpe militar de 15 de novembro de 1889, bem como e ele também não tivesse renunciado ao Trono.
Vale a pena conhecer algo desse príncipe. Para tanto, valho-me do livro “Dom Pedro Henrique, o Condestável das Saudades e da Esperança”, de autoria do Prof. Armando Alexandre dos Santos. A conferir.

“O filho primogênito da Princesa Dona Isabel e do Conde d’Eu, o Príncipe Dom Pedro de Alcântara, Príncipe Imperial do Brasil enquanto herdeiro dinástico de sua mãe, era grande amante de caçadas, de esportes e de viagens. Propendia mais para a vida em família, com as amenidades próprias do lar doméstico, e para a vida social em escala privada, não se sentindo particularmente afeito aos incertos vaivéns da política e aos embates da vida pública.

“O Príncipe Dom Pedro de Alcântara se apaixonou, por volta de 1900, por uma jovem dama checa, a Baronesa Elisabeth Doberzenky von Dobrzenicz, filha do Barão João Wenzel Doberzensky von Dobrzenicz e da Condessa Elisabeth Kottulinsky von Kottulin. A Baronesa Elisabeth pertencia a uma Família da pequena nobreza, há muito estabelecida na Boêmia, mas não era Princesa de sangue real.
“Portanto, a Princesa Dona Isabel, enquanto Chefe da Casa Imperial e Imperatriz “de jure” do Brasil, não viu com bons olhos o pretendido matrimônio de seu primogênito e herdeiro.

Sua posição não se devia, como poderia parecer, a um antipático “orgulho de casta”. Sem dúvida, pesavam no espírito da Redentora razões de prestígio para a Família Imperial Brasileira – e, por extensão, para o próprio Brasil – relativamente ao nível das esposas de seus filhos. Mas, muito acima disso, sua posição se explicava, sobretudo, pela preocupação que Sua Alteza tinha de que seus filhos se casassem em Famílias que cultivassem o mesmo espírito de sacrifício dos Príncipes em favor de suas pátrias.

“Assim sendo, a Chefe da Casa Imperial e o Conde d’Eu pediram que o Príncipe Imperial, durante alguns anos de reflexão, pusesse à prova seu amor pela Baronesa Elisabeth, retardando o casamento. Após a prolongada espera, afinal, o Príncipe Imperial, “tendo maduramente refletido”, “por muito livre e espontânea vontade”, renunciou, no dia 30 de outubro de 1908, “não só por mim, como por todos e cada um dos meus descendentes”, a todo e qualquer direito à Coroa e Trono do Brasil.

“Com seu ato de renúncia, que constituiu ato jurídico perfeito e acabado, cuja inteira validade ninguém pode por em dúvida, o Príncipe Dom Pedro de Alcântara perdeu a condição de Príncipe Imperial do Brasil, que passou ao seu irmão, o Príncipe Dom Luiz (este, por respeito ao irmão mais velho, também havia prolongado seu próprio noivado, com a Princesa Maria Pia de Bourbon-Sicílias, com quem veio a se casar pouco depois da renúncia de seu irmão, no dia 4 de novembro de 1908).

"Em meados da década de 1920, após ter sido revogado o injusto banimento da Família Imperial, o Príncipe Dom Pedro de Alcântara se transferiu definitivamente, com a esposa e os filhos, para o Brasil, fixando residência em Petrópolis, sua cidade natal, onde viveram no Palácio do Grão-Pará, um anexo do Palácio de Verão (atual Museu Imperial de Petrópolis). Seu pai, o Conde d’Eu, havia desejado muito fixá-lo no Castelo d’Eu, propriedade adquirida pela Família Imperial na Normandia, França, pois desejava que seu filho primogênito, afastado da sucessão ao Trono do Brasil, estabelecesse um novo Ramo da Casa Real Francesa, os Orleans-Eu. Entretanto, o Príncipe Dom Pedro de Alcântara, após a morte do pai, tão logo que pôde, preferiu retornar ao Brasil, terra onde nascera e pela qual conservava profunda nostalgia".
 Mausoléu da Família Imperial Brasileira, na Catedral de Petrópolis

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