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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Um fato histórico que merece reflexão: O moinho de Sans-Souci

Um episódio muito curioso ocorreu com o Rei Frederico II da Prússia, cognominado o Grande, que reinou de 1740 a 1786, sendo um dos Soberanos mais absolutistas que a Histórica conheceu, protótipo do déspota coroado, mas que considerava normal respeitar a propriedade privada de um pobre moleiro.

Aconteceu que o Rei mandou construir, inteiramente segundo seu gosto, um Palácio, ao qual deu o nome francês de Sans-Souci. Concluída a construção do Palácio, quando se tratou de proceder o ajardinamento das áreas que o cercavam, aconteceu que um moleiro, velho e teimoso, não quis vender ao Rei o seu moinho... que ficava bem no meio da área que, nos planos régios, seria ocupada pelo parque.

O Soberano ofereceu pagar a quantia que o moleiro estipulasse, por mais elevada que fosse. Mas este, obstinado, recusou. Qualquer governante republicano atual não hesitaria: imediatamente fulminaria um decreto de desapropriação por interesse público. Tal solução não foi adotada pelo déspota coroado.

O Rei simplesmente se resignou a ter, bem no meio do seu parque, a companhia incômoda do moinho, que fazia barulho e sujava a área com a farinha que o vento levava. E o célebre moinho acabou por se incorporar definitivamente ao parque régio.

Conta-se que, mais de cem anos depois, os descendentes do moleiro, necessitando de dinheiro, procuraram o remoto sucessor do Rei Frederico II, para lhe perguntar se não desejaria adquirir o moinho. O Rei Frederico Guilherme IV se recusou fazer a compra, mas ordenou que fosse entregue aos moleiros, como presente, a quantia que eles pretendiam receber pela venda.

Isso porque a permanência daquele moinho, como propriedade privada encastoada dentro do Palácio de Sans-Souci, era um símbolo das liberdades prussianas, era um monumento nacional, que permanece de pé até os dias de hoje.

- Baseado em trecho do livro “Parlamentarismo, sim! Mas à brasileira, com Monarca e Poder Moderador eficaz e paternal”, do Prof. Armando Alexandre dos Santos.

Foto: o Moinho do Palácio de Sans-Souci.


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