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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 27 de novembro de 2017

“COISAS DA RÉ PÚBLICA”: Até tu, Tiririca? Nem os palhaços se salvam em Brasília

O último representante da moralidade pública, um palhaço, acaba de tropeçar e cair na lama
Fonte: VEJA ––Por Maicon Tenfen 
Tiririca (Partido da República-PR-SP) já foi considerado um "deputado exemplar", mas o uso de verba pública para passagem particular destruiu a sua única contribuição para a política brasileira (Gabriel Castro/VEJA)

Quando Tiririca se elegeu deputado federal, a gritaria tomou conta dos jornais, da internet e da própria televisão. Se um palhaço profissional podia ocupar uma cadeira do legislativo, então tínhamos a prova definitiva de que o brasileiro é irresponsável enquanto eleitor.
Você se lembra disso?
Participou das ladainhas de indignação?
Ou foi da turma que acreditava na eleição de Tiririca como uma forma de protesto?
Tempos atrás, quando o eleitor estava de saco cheio com os políticos, limitava-se a rasurar a cédula. Essa rasura, normalmente acompanhada de palavrões, mandava uma mensagem bastante clara ao sistema político: “nenhum dos f… d… p… inscritos serve para o cargo”.

O advento da urna eletrônica extinguiu essa modalidade de manifestação. Como escrever um palavrão para indicar que nenhum dos candidatos interessa? Como votar no Macaco Tião, já que o número e a foto dele não aparecem na telinha? Os candidatos folclóricos ou francamente ridículos surgiram como uma duvidosa saída pela tangente.
E assim teríamos uma explicação menos vexaminosa de como um nome como o de Tiririca pôde chegar ao Congresso Nacional.
O mais intrigante é que o tempo passou e a imprensa — mais de deboche do que pra valer — começou a retratar Tiririca como um “deputado exemplar”. Não que tivesse a capacidade de promover ou aprovar projetos relevantes, não era isso, mas o fato é que ele nunca faltava às sessões e, até onde podíamos saber, nunca tinha metido a mão em dinheiro público.

E isso, para Brasília, está mais do que bom. Chegamos a um grau tão elevado de descrença que o simples fato de o político não se envolver em jogadas ilícitas já o qualifica como um exemplo a ser seguido.
Eis que de repente somos informados dos desvios do palhaço-deputado. De acordo com nota de Gabriel Mascarenhas publicada no Blog Radar, da Veja, Tiririca usou dinheiro público “para viajar e fazer show”. Ciscou a verba de gabinete para comprar uma passagem de Ipatinga (MG) para Brasília.

Até tu, Tiririca?
No horário eleitoral gratuito, o humorista usava o slogan “pior que tá não fica”. Pois ficou. O último bastião da moralidade pública, um palhaço, acaba de sucumbir.
Até na piada a esperança chegou ao fim.

Um comentário:

  1. Não escapa ninguém. A maior palhaçada do Tiririca foi ser usado por um partido para eleger vários deputados. O palhaço sabia.

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